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São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003

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NA MODA

Casas procuram inovar, com carnes exóticas e atendimento especial

Açougue tradicional perde espaço

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O tradicional açougue de bairro está com os dias contados. A queda na renda da população exerce certa influência, mas a concorrência com hipermercados é apontada como a principal causa para o declínio da atividade em São Paulo.
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas de São Paulo, em 2002, cerca de 5% dos 3,5 mil açougues da cidade fecharam. No ano anterior, o índice foi de quase 10%.
Para o presidente do sindicato, Manuel Henrique Ramos, o potencial de barganha com os fornecedores e de compra das grandes redes de varejo é muito superior ao dos pequenos proprietários. O resultado: fechamento dos pequenos negócios.
Para tentar atenuar esse impacto, os associados do sindicato defendem uma restrição da área de atuação dos hipermercados.
As propostas incluem a proibição de mais de duas grandes cadeias de varejo na mesma vizinhança e limitação do horário de funcionamento desses estabelecimentos. "Não queremos impedir a expansão dessas redes no país, mas é preciso regular a sua ação para evitar uma ampliação do que já ocorre hoje: uma economia de monopsônio [situação em que existem muitos vendedores, mas apenas um comprador"", afirma Ramos.
Mas não é apenas a concorrência que sufoca os açougues de bairro. A mudança do perfil do consumidor também contribui para o desaparecimento dos açougues convencionais.
Nesse cenário, as "butiques de carne" ganham espaço. Os clientes de hoje rejeitam o açougue "com cara de açougue", ou seja, com fila de espera, iluminação inadequada, falta de serviços e higiene precária, na avaliação do presidente do sindicato.
Esse novo modelo de açougue também é resultado da busca de um novo nicho de mercado para assegurar a sobrevivência dos pequenos comerciantes.
"Para concorrer com as grandes redes, é preciso estabelecer um diferencial. Nós [proprietários de açougue" temos a vantagem: o relacionamento face a face com o cliente", diz Ramos.
O mesmo ponto de vista é partilhado por Rogério Santana. Proprietário de um açougue no Alto de Santana há 12 anos, o comerciante afirma que é preciso inovar para manter a clientela.
Hoje, ele possui duas "butiques" no bairro que, além de carne bovina, vendem carne de javali, capivara, peixe congelado e produtos semi preparados.
O conforto dos clientes é outro chamariz para alavancar os negócios. Em boa parte deles, os clientes possuem um catálogo para encomendas e podem, por exemplo, solicitar uma embalagem no tamanho exato da gaveta do freezer.



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