São Paulo, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2007 |
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BC vê sinais de "robusta" recuperação
Ata do Copom justifica redução no ritmo da queda nos juros com aumento nas vendas no varejo e na compra de máquinas
NEY HAYASHI DA CRUZ DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Sinais de uma "robusta" recuperação no nível de atividade fizeram com que o Banco Central colocasse um freio no processo de queda dos juros, segundo a ata da reunião da semana passada do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), divulgada ontem. Na reunião, o BC reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, depois de efetuar cinco cortes seguidos de 0,5 ponto em 2006. Com base em indicadores como as maiores vendas no varejo e o aumento nas compras de máquinas e equipamentos, o texto diz que tanto o consumo interno quanto os investimentos das empresas têm apresentado crescimento "robusto" nos últimos meses. Nesse cenário, o aumento da inflação ocorrido recentemente -que inicialmente era visto como temporário, reflexo do reajuste nos alimentos- poderia se propagar por mais tempo que o desejado. Ou seja, para o BC, a economia já dá sinais de forte recuperação, sendo possível reduzir os juros de forma mais lenta sem maiores prejuízos ao nível de atividade. A ata contém a avaliação da situação da economia feita pelo BC na quarta-feira da semana passada, dois dias depois de o governo anunciar as medidas do PAC, pacote que tem como objetivo, justamente, estimular a retomada do crescimento. A atuação do BC, porém, é pautada pela meta de inflação, não de crescimento. A ata do Copom não faz referência direta ao PAC, com exceção da menção à uma de suas medidas: a possível redução da meta de superávit primário deste ano, quando a economia para o pagamento de juros pode passar do equivalente a 4,25% do PIB para 3,75% devido a maiores investimentos no chamado PPI (Projeto Piloto de Investimentos). O PPI é formado por projetos de investimentos que podem, no futuro, gerar ganhos para o setor público e privado -construção de linhas de metrô e modernização de portos, por exemplo. Por isso, essas despesas são excluídas das metas fiscais do governo. Apesar de existir desde 2005, o PPI nunca havia sido citado nas atas do Copom. O documento divulgado ontem diz que a meta menor para o superávit primário deste ano foi considerada na hora de decidir sobre o corte de juros, mas não relaciona os maiores gastos com a queda mais lenta da taxa Selic. Em vez disso, o BC repete um argumento que já vinha sendo apresentado há vários meses: o efeito da queda dos juros ocorrida desde setembro de 2005 -a Selic caiu 6,75 pontos de lá para cá- ainda não foi sentido totalmente pela economia. Segundo a ata do Copom, as "incertezas que cercam os mecanismos de transmissão da política monetária" justificam um maior cuidado na redução dos juros. Em outras palavras, o BC diz que não sabe como a economia vai reagir à queda já ocorrida na Selic e receia que uma redução maior na taxa agora possa abrir espaço para uma alta inesperada da inflação. Além dessa "incerteza", são poucos os obstáculos identificados pelo BC para a queda dos juros. De acordo com o documento, "o cenário externo permanece favorável", especialmente devido à recente queda das cotações do petróleo no mercado internacional. Isso deve fazer com que, pelas contas feitas durante a reunião do Copom da semana passada, o preço da gasolina no Brasil não sofra reajustes neste ano. Confira a íntegra da ata do Copom Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Varejo de SP bate recorde de vendas Índice |
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