São Paulo, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2007

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Superávit da balança comercial cai 12%

Apesar de exportação ter tido resultado acima do previsto, com alta de 18%, importação avançou 31% em relação a janeiro de 2006

Compras de bens de consumo no exterior tiveram aumento de 35%; no caso de matérias-primas, crescimento ficou em 41%


CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As exportações somaram US$ 10,9 bilhões no mês passado, um crescimento de 18,3% em relação ao mesmo período de 2006. Um aumento atípico para janeiro, que costuma ter resultados mais fracos. No entanto, as importações, de US$ 8,46 bilhões, saltaram 31,3%, o que resultou em um saldo de US$ 2,49 bilhões, menor do que o saldo de US$ 2,82 bilhões de janeiro do ano passado. Com isso, o saldo comercial apresentou uma queda de 11,7%.
Em relação a dezembro, que teve superávit de US$ 5,01 bilhões, a queda é de 50,3%. A comparação entre esses dois meses costuma apontar recuo. Em janeiro de 2006, o saldo comercial caiu 34,5% em relação a dezembro de 2005. Nas comparações anteriores, as quedas foram de 37,7% e 42%.
Em 2006, as importações cresceram mais que as exportações praticamente todos os meses, exceto em janeiro e dezembro. Neste ano, porém, o aumento das compras já superou a expansão das vendas logo no primeiro mês e deve ser uma tendência para o ano, segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat.
A explicação para o saldo continuar positivo é que as importações crescem sobre uma base bem menor do que a das exportações. No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse mais de uma vez que o Brasil não precisa ter um saldo comercial tão grande e comemorou o aumento das importações. Segundo ele, quando as importações crescem, a economia está dinâmica.
Em 2006, o saldo comercial foi o maior da história, de US$ 46 bilhões. De acordo com Meziat, importações maiores, mas com saldo comercial positivo, significam que o país está "se abrindo cada vez mais para a economia internacional e os produtos nacionais estão se expondo à concorrência, portanto, estão melhorando".
Um estudo feito pelo Banco Mundial em 2006 apontou o Brasil como o maior beneficiário pela conclusão da Rodada Doha de liberalização de comércio mundial, que está congelada desde julho. Mas os benefícios, na forma de aumento das exportações brasileiras, só virão se houver ampla abertura para o comércio agrícola.

"Desejo dos consumidores"
"Aumento de importação de bens de capital significa maior produção, e aumento de bens de consumo significa que os desejos dos consumidores estão sendo atendidos", disse Meziat.
Em janeiro, as importações de bens de consumo cresceram 35,3%, principalmente objetos de adorno, móveis e vestuário. As compras de bens de capital subiram 27,6% e as de matérias-primas, 41%. O dólar barato é o que explica, mas no ano passado a taxa de câmbio tirou 842 pequenas e médias empresas do mercado externo.
"A taxa de câmbio parou de oscilar. Hoje o real é uma das moedas mais estáveis do mundo e isso é bom para o comércio. As empresas estão assimilando o câmbio. Geralmente quem deixa de exportar por causa do câmbio são novos exportadores, que vendem até US$ 100 mil por ano", disse.


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