São Paulo, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2007

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Saldo deve cair e ter efeito negativo sobre expansão do PIB

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dados sobre exportações e importações de janeiro reforçam as previsões de que o Brasil terá em 2007 a primeira redução de seu saldo comercial da década, com impacto negativo sobre o crescimento do país.
O saldo comercial é um dos elementos que compõem o PIB, ao lado do consumo das famílias e do governo e do investimento. Se ele diminui, os outros componentes têm de crescer mais que no ano anterior, para compensar a queda e evitar uma retração da economia, afirma Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Desde 2001, o saldo da balança comercial cresceu de maneira ininterrupta, até atingir o recorde de US$ 46 bilhões no ano passado. O boletim Focus do Banco Central, que traz a média de previsões do mercado financeiro, projeta um saldo de US$ 39 bilhões em 2007 -queda de 15,2% ante 2006.
Na avaliação de Pereira, essa redução terá como efeito uma contração de pelo menos 0,8 ponto percentual no PIB. Para compensar a queda, os outros componentes do PIB terão de crescer mais.
"As importações vêm aumentando mais do que as exportações há alguns meses, mas essa é a primeira vez em vários anos em que muda o sinal do saldo comercial, com queda em relação ao mesmo período do ano anterior", diz Pereira.
A diferença entre exportações e importações no mês passado foi de US$ 2,49 bilhões, 11,6% inferior à que foi registrada em janeiro de 2006.
Sérgio Vale, da MB Associados, lembra que há alguns anos os economistas vêm projetando uma queda do saldo comercial em razão da valorização do real, que dificulta as exportações e facilita as importações.
Para ele, não há dúvida de que a previsão irá se concretizar em 2007. Mesmo com a redução, Vale observa que o saldo continuará alto o bastante para pressionar a cotação do real.
"O dólar deve fechar o ano entre R$ 2,15 e R$ 2,20. Se o Banco Central não estivesse intervindo no mercado, a cotação já estaria abaixo de R$ 2,00", avalia o economista da MB.


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