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Governo quer redução de 20% na tarifa de pedágio
Planalto decide refazer os editais para a concessão de sete lotes de trechos de rodovias
Reavaliação deve ocorrer no 1º semestre, mas regras ainda terão de passar pelo crivo do TCU, que já chegou a suspender processo
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vai refazer os editais de concessão de novos trechos de rodovias federais. As
mudanças podem resultar em
redução de 20% no valor teto
das tarifas de pedágio. O trabalho deverá ser concluído ainda
no primeiro semestre, mas ainda vai ter que ser analisado pelo
TCU (Tribunal de Contas da
União).
Desde 1999 o governo ensaia
conceder à iniciativa privada
sete lotes de rodovias federais,
que somam aproximadamente
2.600 quilômetros. Entre os
trechos a serem privatizados,
estão a Fernão Dias (São Paulo-Belo Horizonte) e a Régis Bittencourt (São Paulo-Curitiba).
Pela minuta de edital que será refeito, o valor teto do pedágio variava entre R$ 3,367 (Régis Bittencourt) por praça e R$
4,984 (BR-116, divisa entre Paraná e Santa Catarina). Na Fernão Dias, o teto do pedágio seria de R$ 3,498 por praça.
Com as modificações, anunciadas ontem pelo ministro
Paulo Sérgio Passos (Transportes), o teto poderia vir a ser reduzido para valores entre R$
2,69 (Régis Bittencourt) e R$
3,99 (BR-116, divisa entre Paraná e Santa Catarina). Na Fernão Dias, o valor seria de R$
2,79. Pelas regras do leilão, vence a disputa quem oferecer a
menor tarifa.
O processo de concessão desses trechos foi interrompido
várias vezes -tanto por decisões do próprio governo quanto por determinações do TCU.
Em novembro do ano passado,
o TCU finalmente liberou o governo para lançar os editais,
que já haviam sido elaborados
pela ANTT (Agência Nacional
de Transportes Terrestres).
Em janeiro, no entanto, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) surpreendeu o mercado e o
próprio governo (Ministério
dos Transportes e ANTT) e
anunciou que o processo de
concessão estava suspenso.
Taxa de retorno
Ontem, após reunião com o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, com a ministra Dilma
Rousseff e com o ministro interino da Fazenda, Bernard
Appy, Passos anunciou as modificações no edital.
Segundo ele, o governo considera que é possível reduzir a
taxa interna de retorno das
concessões. Essa variável é que
determina a lucratividade do
empreendimento e o valor da
tarifa que será cobrada dos motoristas. Na versão atual do edital, que será modificada, a taxa
está em 12,8% ao ano. Ele não
revelou a nova taxa, mas disse
que a redução será "bastante
razoável".
Passos disse que o governo
decidiu também modificar as
regras do leilão. Ele disse que o
objetivo é tornar o leilão mais
simples e que os trechos sejam
vendidos simultaneamente.
"O entendimento é que isso
dá maior garantia ao leilão",
afirmou. Com essa modificação, o governo quer tentar garantir a competição nos leilões
e evitar acertos entre os grupos
participantes.
O ministro disse que foram
levados em consideração os seguintes argumentos para reduzir a taxa de retorno: redução
das taxas de risco do país (incluindo o risco regulatório) e os
efeitos do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento). O
PAC desonerou de impostos federais (PIS e Cofins) investimentos em infra-estrutura.
Técnicos que participaram
da produção dos editais que serão modificados não acreditam
que taxas internas de retorno
inferiores a 12,8% ao ano possam atrair investidores privados capazes de operar adequadamente rodovias.
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