São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

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Microsoft oferece US$ 44,6 bi por Yahoo!

Contra avanço do Google, empresa propõe maior negócio da internet desde fusão entre AOL e Time Warner em 2000

Ação do Yahoo! subiu 48% ontem, mas está muito distante do preço de 1º de fevereiro de 2006, quando valia mais de US$ 300

Spencer Platt - 2.mar.05/France Presse
Jerry Yang (à dir.) e David Filo (à esq.), fundadores do Yahoo!


DA REDAÇÃO

Em uma tentativa de brecar os avanços do Google no crescente mercado de publicidade on-line, a Microsoft anunciou ontem que ofereceu US$ 44,6 bilhões pelo Yahoo!. Caso o negócio seja concretizado, será o segundo maior envolvendo empresas da internet, superado apenas pela compra da Time Warner pela AOL (US$ 182 bilhões), em 2000, antes do estouro da bolha do setor.
O valor oferecido pela Microsoft é 62% superior ao preço das ações do Yahoo! anteontem, quando toda a companhia tinha valor de mercado de US$ 25,6 bilhões.
As duas empresas vêm enfrentando dificuldades para competir com o Google no setor de publicidade na internet, um dos mais lucrativos da área. No ano passado, segundo o "Wall Street Journal", o Google faturou US$ 11,7 bilhões com as vendas de publicidade, contra US$ 5,1 bilhões do Yahoo! e US$ 2,8 bilhões da Microsoft.
A companhia de Bill Gates calcula que esse mercado "cada vez mais dominado por um "player'" totalizou US$ 40 bilhões no ano passado e deve chegar a US$ 80 bilhões em 2010. "Juntos, Microsoft e Yahoo! podem oferecer uma alternativa competitiva, ao mesmo tempo em que podem melhor satisfazer consumidores e parceiros", disse o presidente-executivo da Microsoft, Steve Ballmer, em carta aos acionistas do Yahoo! .
A Microsoft disse que a fusão gerará uma economia anual de cerca de US$ 1 bilhão. Disse ainda que tem um plano para integrar os trabalhadores das duas companhias e que pretende oferecer incentivos para que os funcionários do Yahoo! sigam na empresa.
Ballmer disse que falou na noite de anteontem com Jerry Yang, presidente do Yahoo!, para revelar a oferta: "Eu não chamaria de uma ligação de cortesia".
Ballmer afirmou que decidiu fazer uma oferta pela concorrente porque negociações amigáveis poderiam levar muito tempo e, provavelmente, se tornariam públicas. Sugeriu ainda que o negócio não deve ser fechado facilmente. Em nota, o Yahoo! afirmou que avaliará a oferta "cuidadosamente" e de acordo com os planos estratégicos da companhia. Porta-voz do Google disse que é "prematuro" comentar o negócio.
Com o anúncio, a ação do Yahoo! disparou e terminou o dia com alta de 47,97%, a US$ 28,38. Apesar da subida, as ações da empresa se valorizaram em 5,59% neste ano. Mas a cotação ainda está muito distante dos seus melhores tempos. Em 1º de fevereiro de 2006, os papéis valiam US$ 317,38 -20 dias antes, eles valiam mais de US$ 400. As ações da Microsoft caíram 6,6% ontem, e as do Google, 8,58%.
Na carta ao conselho do Yahoo!, Ballmer disse que as duas companhias discutiram uma possível fusão e outras possibilidades de parceria no final de 2006 e no começo do ano passado, mas que, em fevereiro de 2007, a concorrente decidiu encerrar as negociações porque a sua direção estava confiante no seu "potencial de alta".
"Um ano se passou e a situação competitiva não melhorou", escreveu o principal executivo da Microsoft. Por isso, segundo ele, "enquanto uma parceria comercial podia fazer sentido há algum tempo, a Microsoft acredita que a única alternativa agora é a combinação que estamos propondo".
O Yahoo! vem passando por sérias dificuldades nos últimos tempos. Ele ganhou US$ 660 milhões em todo 2007, praticamente metade do que o Google lucrou no último trimestre do ano passado: US$ 1,21 bilhão -resultado que foi considerado decepcionante.
Em junho de 2007, Yang, um dos fundadores da companhia, assumiu o seu comando, substituindo Terry Semel, que estava no cargo de 2001. Na terça-feira, Yang disse que pretende demitir 1.000 dos 14.300 funcionários do Yahoo!.


Com o "New York Times"


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