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Meirelles diz que não haverá corte "drástico" de juros ou mudança na meta de inflação, mas que país crescerá 3,5%
Presidente do BC descarta mudança de rumo
DENISE CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, disse ontem
que o governo continuará perseguindo o cumprimento do centro
da meta de inflação (de 5,5%), sinalizou que não deve haver uma
queda drástica nos juros e que,
ainda assim, o país vai crescer
3,5% neste ano.
As declarações de Meirelles
aconteceram em uma aula inaugural para estudantes da Faap
(Fundação Armando Álvares
Penteado), em São Paulo.
Foi a primeira vez que Meirelles
falou publicamente desde a divulgação, na sexta-feira, de que o PIB
(Produto Interno Bruto) caiu
0,2% em 2003 sobre 2002.
Meirelles disse acreditar que,
para o país alcançar um crescimento sustentado de longo prazo,
o fundamental "é prosseguir com
a disciplina fiscal e monetária, como fazem todos os países civilizados, sem exceção". Por isso, ele
também descartou um corte drástico na taxa básica de juros (a Selic, que está em 16,5% ao ano). Segundo ele, uma redução forte nos
juros geraria aumento da inflação, não crescimento econômico.
"O regime de metas de inflação,
que prevê o uso da taxa de juros
como instrumento de política
monetária para combater a inflação, é o regime de maior sucesso
em todo o mundo", disse.
A meta de inflação do país para
este ano é de 5,5% (centro), com
tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. No
início do ano, fatores sazonais
-como aumento de preços de
produtos agrícolas devido às chuvas- provocaram uma pressão
na inflação. Por causa disso, o BC
resolveu não abaixar os juros no
primeiro bimestre de 2004.
Em Brasília, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho,
também negou que o governo esteja estudando alterações na meta
a ser perseguida neste ano.
Meirelles afirmou que o BC não
vai ceder ao "apelo fácil dos cantos de falsas sereias" para baixar
os juros, numa tentativa de estimular a economia. "Baixar os juros artificialmente, sem reduzir
de forma consistente o risco Brasil, seria repetir a mesma série de
desastres vivida pela economia
brasileira nas últimas décadas."
Ele ainda alega que uma política
monetária mais "frouxa" poderia
ser uma nova tentativa fracassada
de combate à inflação, com resultados de crescimento só a curto
prazo, como "bolhas espasmódicas" - sem sustentação.
Meirelles previu um crescimento do PIB de 3,5% ou mais neste
ano. Segundo ele, a expectativa é
fundamentada na recuperação da
produção industrial, principalmente nos setores mais sensíveis
às condições de crédito, como
bens de capital e de consumo duráveis. Também destacou o aumento das vendas do comércio,
nos setores de automóveis, móveis e eletrodomésticos.
Para minimizar as críticas em
relação à demora do BC em reduzir as taxas de juros para promover o crescimento do país, Meirelles sustentou que a queda do Produto Interno Bruto no ano passado foi resultado da grave crise enfrentada pelo país no fim de 2002
e da contração da economia no
primeiro semestre.
Ele disse que, anualizada, a expansão do último trimestre de
2003 foi de 6%. Afirmou ainda
que é difícil manter um crescimento tão forte ao longo de 2004.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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