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Telefonia no Brasil está entre as mais caras
País aparece entre os 40 últimos em ranking de comprometimento da renda com serviços fixo e móvel feito com 150 países
Na banda larga, Brasil ocupa
o 77º lugar no ranking de
preços; país cai para o 60º
posto em índice que mede desenvolvimento no setor
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Os serviços de telefonia e internet no Brasil estão entre os
mais caros no mundo, segundo
um estudo que a ONU divulga
hoje. No ranking de 150 países
da UIT (União Internacional
de Telecomunicações), o Brasil
aparece entre os 40 em que o
uso de telefones fixos e celulares consome a maior fatia da
renda per capita.
O acesso à telefonia foi um
dos critérios usados pela organização para elaborar o Índice
de Desenvolvimento em Tecnologia de Informação e Comunicação, que avalia os avanços no setor entre 2002 e 2007.
O Brasil caiu seis posições em
relação ao índice anterior e
agora ocupa o 60º lugar.
Tomando como referência o
preço de um pacote básico, a
UIT chegou à conclusão de que
o uso do celular no Brasil é um
dos mais caros, consumindo o
equivalente a 7,5% da renda
média per capita do país. Numa
escala crescente de custo, o país
ocupa a 114ª posição. A telefonia fixa morde uma fatia menor
da renda do brasileiro (5,9%),
mas também coloca o país entre os últimos, no 113º lugar.
Entre os mais baratos, empatam Hong Kong (China), Dinamarca e Cingapura, onde o uso
do celular é responsável por só
0,1% da renda média. O contraste para o Brasil também é
notável em relação a vizinhos
como Argentina, onde a conta
do celular é bem menor (2,5%
da renda per capita).
A internet de banda larga,
considerada pela UIT importante ferramenta para o desenvolvimento econômico, tem
um preço elevado no Brasil. De
acordo com o estudo, seu custo
mensal equivale a 9,6% da renda média per capita brasileira.
Com isso, o Brasil fica em 77º
lugar na escala de preços, posição intermediária no ranking
de 150 países, mas abaixo dos
demais membros do Bric, o
grupo dos grandes emergentes:
Rússia (37º), Índia (73º) e China (75º), onde o acesso à internet de banda larga custa proporcionalmente menos.
No índice geral de desenvolvimento, a UIT justifica a queda de seis posições do Brasil observando que houve pouco
avanço nos três critérios utilizados: acesso, uso e capacidade.
Celular x fixo
O estudo da UIT registra verdadeira explosão no número de
celulares no planeta, que no fim
de 2008 atingiu a marca de 4 bilhões, mais de três vezes o de
telefones fixos (1,3 bilhão).
"No mundo em desenvolvimento, os telefones celulares
revolucionaram a telecomunicação e atingiram uma penetração de 61% no fim de 2008, contra quase zero, dez anos antes",
afirma o relatório.
O Brasil é parte dessa revolução. Enquanto o número de linhas fixas caiu de 21,7 para 20,5
para cada cem brasileiros entre
2002 e 2007, o de celulares
mais que triplicou no mesmo
período, de 19,5 para 63,1.
No setor de internet, as cifras
são mais modestas. De 2002
para 2007, o percentual de lares brasileiros com computador passou de 14,2% para
20,8%. O acesso à internet, que
em 2002 estava em apenas
10,3% dos lares, em 2007 chegou a 15,4%.
O número ainda está longe
dos do mundo desenvolvido,
onde a média de lares conectados supera 70%. Ainda assim,
no Bric, o Brasil só perde para a
China, que pulou de 10,2% dos
lares com computador em
2002 (5% com web) para 39,1%
em 2007 (16,4% conectados).
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