São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mantega descarta inflação de demanda no Brasil neste ano

Indústria nacional terá condições de expandir a oferta, afirma ministro durante evento na Fiesp

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou ontem a possibilidade de o país sofrer pressões inflacionárias devido a dificuldades do setor industrial para expandir sua oferta.
Em reunião na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Mantega questionou os empresários sobre a capacidade que o setor terá para atender a demanda industrial, que, segundo ele, deve apresentar crescimento entre 7% e 7,5% neste ano.
"Essa foi a minha indagação, mas não vejo nenhuma dificuldade de aumento de oferta da indústria", afirmou o ministro. Segundo ele, os indicadores que medem o nível de utilização de capacidade instalada "muitas vezes dão a ideia de que a indústria está em seu limite". "Mas, na realidade, sobra capacidade do ano passado, e a indústria está fazendo investimentos para expandir essa capacidade de produção."
Para Mantega, "está afastada a possibilidade de inflação de demanda". Ao seu lado, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse que o governo precisa ter "cautela" justamente para não tomar medidas que desestimulem a demanda. Ele se referia à possibilidade de o Banco Central elevar a taxa básica de juros já na próxima reunião. "Não há a menor dúvida de que não é momento de aumentar juros. Não existe razão para isso."
Na semana passada, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que a instituição não evitará decisões que possam parecer impopulares ou "antipáticas" para segurar a inflação no país, em um sinal de que o Banco Central poderá elevar os juros já na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
Para Mantega, porém, há um "mau entendimento" em relação às declarações de Meirelles. "Não vejo ameaça iminente de alta de juro." "O Banco Central tem dado a sinalização correta. No ano passado, os juros foram reduzidos para um patamar razoável, talvez aquém do que gostaríamos, mas poderemos, no futuro, voltar a ter um juro real em torno de 2,5% ou 3%. Mas o BC sabe quando deve aumentar e quando deve abaixar os juros."

Exportações
Mantega afirmou que a crise de endividamento vivida por países da União Europeia, como Grécia, Portugal, Itália e Espanha, pode retardar a recuperação do comércio exterior no Brasil. "Mas isso não afeta o nível de crescimento esperado para o país."
Para ele, o PIB (Produto Interno Bruto) do país deve crescer entre 5% e 6% neste ano.


Texto Anterior: Brasil é alvo dos EUA para exportações
Próximo Texto: Focus: Mercado prevê IPCA acima da meta em 2011
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.