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Conar suspende campanha de cerveja com Paris Hilton
Liminar retira peça publicitária do ar após denúncias de sexismo e excesso no apelo sensual
Schincariol, fabricante da Devassa, diz que publicidade não ofende regras do Conar e que vai recorrer; no Twitter, socialite critica ato "ridículo"
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Conar (Conselho Nacional
de Regulamentação Publicitária) determinou a retirada de
algumas peças da campanha da
cerveja Devassa Bem Loura, estrelada pela socialite americana Paris Hilton. A retirada, por
meio de medida liminar, é imediata e cobre peças veiculadas
em televisão, rádio, mídia impressa e internet.
A campanha, assinada pela
agência Mood, foi lançada durante o Carnaval, com Paris
Hilton marcando presença no
camarote da cervejaria Schincariol na Marquês de Sapucaí.
A liminar foi concedida na
noite de sexta-feira e decorre
de três processos abertos pelo
Conar para investigar se a campanha fere o código de autorregulamentação publicitária no
que diz respeito ao apelo sensual. O Conar acolheu denúncias da Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres, que
considerou a campanha sexista
e desrespeitosa, e também de
consumidores comuns. A liminar vale até o julgamento dos
processos, o que deve acontecer na próxima reunião do Conar, marcada para o fim deste
mês. A Schincariol já foi notificada e tem uma semana para
apresentar sua defesa.
Em nota, a Schincariol afirma que a campanha "não ofende, em nenhum aspecto, qualquer norma ou orientação emitida pelo Conar. Apesar disso,
acata a decisão e já trabalha na
defesa do caso".
A notícia gerou repercussão
nos meios de publicidade dos
Estados Unidos. Com ironia, o
site Advertising Age questiona
se "Paris Hilton seria sexy demais para o Brasil".
"Isso é sério? Que ridículo",
reagiu a própria Paris no microblog Twitter.
Essa é a "sexta ou sétima" vez
que a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, órgão
ligado à Presidência da República, aciona o Conar, informa
Ana Paula Gonçalves, ouvidora
da secretaria. O objetivo, diz
ela, é zelar para que haja "respeito pela imagem da mulher" e
"para que a mulher não seja
tratada como um produto".
O fato de a campanha ter sido
lançada no meio do Carnaval,
quando a exposição de mulheres seminuas na mídia atinge
seu ápice, não a torna menos
nociva, acredita Ana Paula. "O
Carnaval é uma festa. Embora
tenha mulheres, há toda uma
beleza, um brilho e um luxo associados à festa."
O primeiro código de autorregulamentação da publicidade
de bebidas no Brasil data de
1978, mas foi em 2003 que as
regras começaram a ficar mais
rígidas. Naquele ano, decidiu-se não aceitar campanhas que
estimulem o consumo excessivo da bebida e que apelem para
o erotismo. Em 2008, o código
ficou mais rigoroso, e o termo
"apelo erótico" foi substituído
por "apelo sensual".
Para o diretor de graduação
da ESPM, Luiz Fernando Garcia, a reação da sociedade contra campanhas sexistas "é legítima". "A sociedade não aceita
regras que, até ontem, eram recorrentemente utilizadas." Ele
conta que assistiu à campanha
no contexto do Carnaval e que a
considerou "contida". "Se a exposição de mulheres sensuais
na mídia for um problema, deveríamos cancelar o anúncio e
também a transmissão do Carnaval, da novela..."
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