São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2008 |
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Saldo comercial cai 67% no 1º trimestre Superávit cai de US$ 8,7 bi no 1º tri de 2007 para US$ 2,8 bi, com alta de 42% nas importações e de 14% nas exportações Secretário de Comércio Exterior vê fator positivo no aumento das importações de equipamentos e máquinas para a indústria
IURI DANTAS DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O aumento das importações provocou forte queda de 67% no superávit comercial no primeiro trimestre do ano, em comparação com os três primeiros meses do ano passado -de US$ 8,72 bilhões para US$ 2,84 bilhões. O resultado representa o pior desempenho de janeiro a março do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2003, quando o petista assumiu o Palácio do Planalto diante de grande turbulência econômica, o saldo não foi tão ruim. Na ocasião, as exportações superaram em US$ 3,8 bilhões as importações do país. O Brasil não possui déficit comercial desde o ano 2000. Se mantido o ritmo atual, os dados da balança comercial indicam que o superávit vai continuar se deteriorando ao longo do ano. Nos três primeiros meses de 2008, as exportações cresceram 14%, contra 42% das importações, aquecidas pelo crescimento mais forte da economia e o real forte. Em números, foram US$ 38,69 bilhões exportados, contra US$ 35,85 bilhões em compras. Em março, as exportações registraram ainda uma pequena queda de 2% na comparação com o terceiro mês do ano passado. Entre as explicações, estariam uma redução de 29% nas vendas de minério de ferro e demora no embarque de soja. Já a greve de auditores da Receita Federal ainda não teria causado prejuízo significativo às exportações, segundo o Ministério do Desenvolvimento. Na avaliação do governo, o volume de importações indica um fato "extremamente positivo", nas palavras do secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, porque a indústria estaria renovando máquinas e equipamentos. A importação desses bens cresceu 61% nos primeiros três meses do ano. As exportações continuam sendo puxadas pelas commodities. A exportação de produtos industrializados cresceu apenas 13% no primeiro trimestre do ano, contra 18% nas vendas de produtos básicos. Barral admitiu ontem a necessidade de impulsionar a indústria brasileira, algo que o governo espera fazer com a nova política industrial, cujo lançamento vem sendo adiado desde o ano passado e cujo anúncio é esperado para as próximas semanas. "O que tem afetado nossa balança não é a diluição das exportações, mas o crescimento das importações. O aumento nas importações de bens de capital [máquinas e equipamentos] é extremamente positivo. O que tem que ser feito é aumentar a competitividade da indústria brasileira", afirmou Barral. Para o economista Roberto Segatto, presidente da Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior), as importações de equipamentos pela indústria servem apenas para "tapar buracos" por dois motivos: 1) seria extremamente difícil comprar máquinas lá fora, por pressão de grupos econômicos e burocracia no Brasil, e 2) falta de linhas de financiamento para pequenas e médias empresas se modernizarem. "Essa queda de superávit já era esperada. Depois de 1991, quando acabou de fato a política industrial, as importações de máquinas são para tapar buraco. Sendo otimista, estamos uns dez anos atrás de indústrias similares em países desenvolvidos", disse. De acordo com o economista, o aumento do consumo das famílias e o real forte têm levado algumas empresas a direcionar seus produtos para o mercado interno, em vez de ampliar as vendas para fora. Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Crise afeta comércio com a Argentina Índice |
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