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Bolsa sobe 3% com otimismo nos EUA
Avaliação de prejuízos e captação de recursos por bancos levam investidores a prever que final da crise está mais perto
Analistas alertam, porém, de que bom humor pode não durar, já que as causas das turbulências ainda
não foram solucionadas
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Por paradoxal que seja, resultados ruins de instituições financeiras foram os maiores
responsáveis, ontem, pela elevação de 2,96% da Bolsa de Valores de São Paulo, que terminou o dia aos 62.774 pontos. O
dólar comercial recuou 0,45%,
vendido a R$ 1,745.
Após o banco suíço UBS
anunciar que vai colocar no seu
balanço mais US$ 19 bilhões
(cerca de R$ 33,15 bilhões) em
perdas relacionadas ao mercado imobiliário dos EUA e o
americano Lehman Brothers
informar que captou US$ 4 bilhões com uma emissão de
ações para garantir que continuará de pé, os investidores em
Wall Street comemoraram.
Com o pouco de luz que tais fatos lançam sobre a situação das
instituições -grande dúvida a
perturbar os investidores nos
últimos meses-, a Bolsa de Nova York avançou sólidos 3,67%,
e a Nasdaq (onde se negociam
ações de empresas de tecnologia) subiu 3,19%, em um movimento seguido de perto pela
Bovespa durante todo o pregão.
As cotações de commodities
também responderam, caindo.
O ouro recuou 3,66%, e o barril
de petróleo teve queda de 0,6%,
a US$ 100,98 na Nymex (Bolsa
de Mercadorias de Nova York).
Desde que estourou a crise,
no início do segundo semestre
do ano passado, o mercado se
pergunta qual é a verdadeira
extensão dos danos causados
aos bancos pela inadimplência
entre os mutuários ditos "subprime" (de alto risco) nos EUA.
Havia a desconfiança de que
as instituições não estavam informando a totalidade dos prejuízos até porque não conseguiam contabilizá-los, o que
alimentou boatos catastróficos
sobre a sua saúde e ainda uma
forte oscilação nas Bolsas. A incerteza tem sido o problema essencial.
A escrituração das perdas do
UBS e o êxito do Lehman Brothers em obter os fundos de que
precisa sustentam a esperança
de que a apuração dos prejuízos
esteja melhorando e os bancos
tenham encontrado formas de
se reequilibrar.
No entanto, o alívio deve ser
apenas momentâneo. "Isso
afasta temporariamente o risco
de uma crise sistêmica. Mas os
investidores ainda estão muito
perdidos. Como os últimos cinco anos foram bem tranqüilos,
o mercado se desacostumou a
lidar com a volatilidade", afirma Marcelo Ribeiro, estrategista da Pentágono Asset Management. "Até porque a causa das
dificuldades das instituições,
que é a desvalorização das casas
dadas como garantias pelos
clientes para pegar empréstimos, ainda não foi resolvida. Os
preços tendem a cair mais."
Max Bueno, analista da corretora Spinelli, concorda: "O
que vimos hoje [ontem] foi
uma reação pontual. O mercado continuará acompanhando
com máxima atenção tanto os
balanços dos bancos quanto os
dados a respeito do setor imobiliário". Na sua opinião, é difícil prever quando se poderá de
fato falar que o pior já passou.
"Para alguns, o cenário melhora na segunda metade do ano.
Para outros, mais pessimistas,
somente em 2009."
Além da situação das instituições financeiras, o medo de
que as dificuldades que elas
atravessam atinjam outros setores da economia americana
está no topo das preocupações
dos investidores. Por esse motivo, a divulgação, pela consultoria ISM, de que a atividade da
indústria dos EUA cresceu em
março também ajudou a levantar os ânimos na terça-feira. O
indicador ficou em 48,6 pontos.
Leituras abaixo de 50 pontos
indicam contração e, acima, expansão. Em fevereiro, o índice
tinha registrado 48,3 pontos e o
consenso dos economistas era
o de que recuaria para 47,5
pontos no mês passado.
Ações
Na Bovespa, os papéis da Vale tiveram valorização com o financiamento recorde que o
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) aprovou para a companhia. O PN subiu 2,18%, para
R$ 51,90, e o ON (ordinário)
avançou 2,06%, a R$ 61,75.
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