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São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2003

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1º DE MAIO

João Felício, presidente da central, diz que também pode defender a redução dos prazos de negociações salariais

CUT muda discurso e "aceita" gatilho salarial

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da CUT, João Felício, mudou o discurso que a central vinha adotando sobre reajustes de salários dos trabalhadores. Até poucos dias atrás, Felício rejeitava o gatilho salarial. Ontem, porém, afirmou que a CUT poderá defender a redução dos prazos oficiais de reajustes dos salários para garantir seu poder aquisitivo. O prazo atual é de 12 meses.
Felício disse que correr agora atrás do gatilho salarial (reajuste automático do salário quando a inflação ultrapassa um índice) é ajudar o retorno da inflação. "Mas, se ela voltar mesmo com peso, a CUT pode passar a discutir nova periodicidade dos reajustes, sejam mensais, trimestrais, semestrais ou até o gatilho."
A mudança de posição da CUT ocorreu depois que a central enfrentou uma forte resistência à sua política de abonos salariais. Os metalúrgicos da General Motors de São José dos Campos (SP), ligados ao PSTU (ala de esquerda da CUT), entraram em greve há três semanas por gatilho de 3%.
Atualmente eles suspenderam a greve e tiraram o gatilho da pauta de reivindicações. Mas não descartam voltar a reivindicá-lo. Felício disse não estar completamente satisfeito com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, pois o desemprego continua em alta. "O governo teve grandes conquistas. Conseguiu controlar a inflação, recuperar a credibilidade internacional do país e reduzir o valor do dólar. Mas o desemprego continua alto, em torno de 19%."
Felício afirmou que teve uma reunião recentemente com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, quando perguntou quando afinal a economia do Brasil voltaria a crescer. "Palocci disse que isso ocorrerá no segundo semestre. É o nosso desejo."
Caso isso não ocorra, disse o sindicalista, a CUT continuará a criticar o governo. "Tem muita gente na marginalidade e, sem crescimento econômico, continuaremos a ter patamares extremamente altos do desemprego."
Felício abrandou as críticas ao governo ao subir nos palcos de alguns dos nove eventos que a CUT preparou para celebrar o Dia do Trabalho na Grande São Paulo.
Em Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, disse a cerca de 3.000 pessoas [segundo avaliação da PM] que "2003 tem sido um ano diferente dos anteriores, pois o governo trouxe a esperança". Disse que Lula é diferente do ex-presidente FHC. "Com o Lula existe diálogo, há participação política da sociedade."
Afirmou que o número de desempregados ainda é muito alto. "Mas com certeza em 2004 teremos um ano melhor." O sindicalista negou que a CUT trabalhe para amenizar tensões entre trabalhadores, empresas e governo. "A outra central [Força Sindical] é que apoiou tudo o que o ex-presidente FHC propôs ao longo de oito anos." Ele disse que a CUT trabalha independente do governo.
Os eventos da central para o Dia do Trabalho na Grande São Paulo, que contou com músicos e atos políticos, foram bastante confusos. Em Campo Limpo, por exemplo, o animador anunciou que o presidente do PT, José Genoino, deveria comparecer ao evento. Não foi. Esteve no festejo em Mauá (ABC paulista), que reuniu cerca de 12 mil pessoas.


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