São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007

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Centrais poupam governo no 1º de Maio

CUT e Força Sindical fazem festas em SP e evitam críticas ao governo Lula, diferentemente do que ocorreu no passado

Estimativa da PM é a de que 45 mil tenham participado de festa da CUT no centro e 1,3 mi tenha ido à da Força Sindical, na zona norte

DA REPORTAGEM LOCAL

CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical, as duas principais centrais sindicais do país, pouparam o governo Lula nas comemorações do 1º de Maio e fizeram críticas pontuais nas megafestas realizadas ontem em São Paulo.
No ano passado, dirigentes das duas centrais criticaram de forma mais contundente a política econômica do governo petista, pediram redução na taxa de juros e revisão das metas de pagamento de juros para atrair mais investimentos que permitissem a criação de empregos.
No ato político da CUT, central historicamente ligada ao PT e ao presidente Lula, um dos fundadores da central, a vaia foi para o governo Serra. "É muito fácil falar mal do governo federal. O seu Serra também precariza [as relações de trabalho] na Educação, na Saúde", disse Edílson de Paula, presidente da CUT-SP.
No palco da Força, central mais ligada ao PDT, partido de seu presidente, Paulo Pereira da Silva, e do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, as críticas também foram mais amenas -o ambiente foi o tema central. Sobre a ausência de críticas duras ao governo federal, Lupi disse que esse é um governo que tem diálogo com as centrais. "Antes não era assim. Antes, para as centrais serem ouvidas, só com greve".
Diferentemente de anos anteriores, em que as duas centrais levaram mais de 2 milhões de pessoas aos shows populares que organizam nessa data, as festas de ontem tiveram números desproporcionais.
A festa da CUT reuniu 45 mil pessoas no cruzamento das avenidas São João com a Ipiranga (centro), e a da Força, 1,3 milhão na praça Campo de Bagatelle (Norte), segundo a Polícia Militar. Na Força, além de shows, foram sorteados dez carros e cinco apartamentos.
Com problemas para definir o local até quase a véspera da festa (desde 2004 ela acontecia na Paulista), a CUT estimou que 1 milhão de pessoas assistiu aos shows e passaram pelas ruas adjacentes ao palco. O maior pico, segundo a central, ocorreu no show de Zeca Pagodinho, às 19h. "É um público flutuante. Tivemos muitas dificuldades para fazer virar nosso 1º de Maio", disse de Paula.
Às 17h, quando ocorreu o ato político da central, nenhum ministro ou líder do governo estava presente no palco da CUT. Os ministros Carlos Lupi (Trabalho) e Marta Suplicy (Turismo), o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia e o senador Eduardo Suplicy preferiram passar pelo local à tarde.
O ministro Luiz Marinho (Previdência) sequer participou das comemorações. Quem ocupou um lugar discreto num canto do palco da CUT durante o momento do protesto político foi o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Ao deixar o local, não deu entrevistas e repetia, de forma irônica, a frase "boa sorte" aos jornalistas.
Na CUT, as maiores críticas foram contra a Emenda 3, que retira o poder de fiscais da Receita de suspender contratos de prestação de serviços entre pessoas jurídicas se suspeitarem de vínculo trabalhista. Lula vetou a emenda, mas a oposição pode derrubar o veto.
O tom mais ameno da festa da Força -"Os trabalhadores em defesa do planeta"- recebeu críticas até mesmo do secretário do Trabalho de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. "Há uma certa acomodação das centrais dentro do governo. O pensamento único não é bom para o país." O senador Cristóvam Buarque pediu uma greve geral pela educação. "Essa cobrança vou fazer aqui às centrais. Isso é avermelhar o 1º de Maio." Disse que as centrais começaram a "amarelar" com a falência do socialismo.
(CLAUDIA ROLLI, DENISE BRITO E TATIANA RESENDE)


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