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Centrais poupam governo no 1º de Maio
CUT e Força Sindical fazem festas em SP e evitam críticas ao governo Lula, diferentemente do que ocorreu no passado
Estimativa da PM é a de que 45 mil tenham participado de festa da CUT no centro e 1,3 mi tenha ido à da Força Sindical, na zona norte
DA REPORTAGEM LOCAL
CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical, as
duas principais centrais sindicais do país, pouparam o governo Lula nas comemorações do
1º de Maio e fizeram críticas
pontuais nas megafestas realizadas ontem em São Paulo.
No ano passado, dirigentes
das duas centrais criticaram de
forma mais contundente a política econômica do governo petista, pediram redução na taxa
de juros e revisão das metas de
pagamento de juros para atrair
mais investimentos que permitissem a criação de empregos.
No ato político da CUT, central historicamente ligada ao
PT e ao presidente Lula, um
dos fundadores da central, a
vaia foi para o governo Serra. "É
muito fácil falar mal do governo federal. O seu Serra também
precariza [as relações de trabalho] na Educação, na Saúde",
disse Edílson de Paula, presidente da CUT-SP.
No palco da Força, central
mais ligada ao PDT, partido de
seu presidente, Paulo Pereira
da Silva, e do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, as críticas
também foram mais amenas
-o ambiente foi o tema central.
Sobre a ausência de críticas duras ao governo federal, Lupi
disse que esse é um governo
que tem diálogo com as centrais. "Antes não era assim. Antes, para as centrais serem ouvidas, só com greve".
Diferentemente de anos anteriores, em que as duas centrais levaram mais de 2 milhões
de pessoas aos shows populares
que organizam nessa data, as
festas de ontem tiveram números desproporcionais.
A festa da CUT reuniu 45 mil
pessoas no cruzamento das
avenidas São João com a Ipiranga (centro), e a da Força, 1,3
milhão na praça Campo de Bagatelle (Norte), segundo a Polícia Militar. Na Força, além de
shows, foram sorteados dez
carros e cinco apartamentos.
Com problemas para definir
o local até quase a véspera da
festa (desde 2004 ela acontecia
na Paulista), a CUT estimou
que 1 milhão de pessoas assistiu
aos shows e passaram pelas
ruas adjacentes ao palco. O
maior pico, segundo a central,
ocorreu no show de Zeca Pagodinho, às 19h. "É um público
flutuante. Tivemos muitas dificuldades para fazer virar nosso
1º de Maio", disse de Paula.
Às 17h, quando ocorreu o ato
político da central, nenhum
ministro ou líder do governo
estava presente no palco da
CUT. Os ministros Carlos Lupi
(Trabalho) e Marta Suplicy
(Turismo), o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia e o senador Eduardo Suplicy preferiram passar pelo local à tarde.
O ministro Luiz Marinho
(Previdência) sequer participou das comemorações. Quem
ocupou um lugar discreto num
canto do palco da CUT durante
o momento do protesto político foi o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Ao deixar o local,
não deu entrevistas e repetia,
de forma irônica, a frase "boa
sorte" aos jornalistas.
Na CUT, as maiores críticas
foram contra a Emenda 3, que
retira o poder de fiscais da Receita de suspender contratos de
prestação de serviços entre
pessoas jurídicas se suspeitarem de vínculo trabalhista. Lula vetou a emenda, mas a oposição pode derrubar o veto.
O tom mais ameno da festa
da Força -"Os trabalhadores
em defesa do planeta"- recebeu críticas até mesmo do secretário do Trabalho de São
Paulo, Guilherme Afif Domingos. "Há uma certa acomodação das centrais dentro do governo. O pensamento único
não é bom para o país." O senador Cristóvam Buarque pediu
uma greve geral pela educação.
"Essa cobrança vou fazer aqui
às centrais. Isso é avermelhar o
1º de Maio." Disse que as centrais começaram a "amarelar"
com a falência do socialismo.
(CLAUDIA ROLLI, DENISE BRITO E TATIANA RESENDE)
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