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Ação no STF contesta repasse de imposto sindical a centrais
DA REPORTAGEM LOCAL
O repasse de verbas do imposto sindical para as centrais
sindicais é questionado em
ação direta de inconstitucionalidade encaminhada ao STF
(Supremo Tribunal Federal)
pelo partido DEM.
Para o deputado Rodrigo
Maia, a disputa entre as centrais para filiar sindicatos e
provar a representatividade é
prova de que as entidades estão
"só interessadas" no imposto.
"Daqui a pouco os sindicatos
vão até a Bolsa de Valores criar
um produto para oferecer ao
mercado, uma vez que as centrais já os disputam como se valessem ouro", diz. "A estrutura
sindical no país é falha. As pessoas são obrigadas a contribuir.
O correto é que o pagamento
fosse espontâneo."
O deputado diz que a lei que
permite o repasse de 10% do
imposto sindical é "ilegal" e
"imoral". "O presidente Lula
vetou o artigo que previa que os
recursos do imposto sindical
que serão repassados às centrais fossem fiscalizados pelo
TCU [Tribunal de Contas da
União], o que é um equívoco.
Como não podíamos questionar o veto, estamos questionando a legalidade da transferência dos recursos do imposto
sindical para as centrais. Essa
transferência não está prevista
na Constituição."
Para Cláudio Montesso, presidente da Anamatra (associação dos juízes do Trabalho), a
pressão para filiar sindicatos
-e até mesmo as formas com
que a filiação vem ocorrendo-
mostra um "comportamento
ético, no mínimo, reprovável".
Em sua avaliação, o sindicato
que teve seu CNPJ utilizado de
forma indevida pode entrar
com uma ação penal. "Se isso
ocorreu, caracteriza falsidade
ideológica", diz Montesso. "Nada disso ocorreria se o imposto
sindical fosse extinto."
Luiz Antonio de Medeiros,
secretário de Relações do Trabalho, diz que até julho o governo quer resgatar a proposta de
extinguir o imposto sindical e
substituí-lo por uma contribuição negocial, cujo valor é definido em assembléia. A proposta da taxa foi feita durante as
discussões do Fórum Nacional
do Trabalho. "As centrais sindicais querem segurança jurídica
maior, para não perder o imposto sindical se, depois, a nova
lei passar a ser, por exemplo,
considerada ilegal pelo STF."
Centrais
O presidente da CUT, Artur
Henrique, diz que a central
"não está preocupada" com o
aumento do número de sindicatos filiados. "Nosso debate
não é aumentar o número de
sindicatos. Só queremos os sindicatos que têm compromisso
com o estatuto da CUT e proposta de concepção sindical
que a CUT defende", afirma.
A CUT, segundo ele, tem cerca de 3.500 sindicatos filiados
-uma parte deles ainda não
tem documentação registrada
no Ministério do Trabalho.
"Estamos dando assessoria
para que os sindicatos façam
registro no Ministério do Trabalho. A CUT já é a maior central do Brasil e do mundo em
número de filiados. São 7 milhões de associados aos nossos
sindicatos", afirma Henrique.
Na Força Sindical, a busca é
por sindicatos independentes.
"Enviamos carta desde o início
do ano explicando a importância de estar filiado a uma central na negociação coletiva e para participar da discussão de
políticas públicas. As centrais
têm assento nos conselhos do
FAT, da Previdência, do
BNDES, entre outros", afirma
João Carlos Gonçalves, secretário-geral da entidade.
José Maria de Almeida, presidente do PSTU e membro da
coordenação nacional da Conlutas, diz que os sindicatos ligados à central não têm interesse em fazer o recadastramento no MTE porque "não
têm interesse no imposto sindical". "Nossos sindicatos são
financiados pelas mensalidades dos sócios. Recebemos cerca de R$ 120 mil a R$ 150 mil
por mês. É pouco, mas é melhor
receber pouco do que receber
muito dinheiro do governo e ficar subordinado a ele. O sindicato não pode estar atrelado ao
Estado. Se tem dependência financeira, tem dependência política", diz Almeida.
Para Wagner Gomes, presidente da CTB, essa disputa por
sindicatos é algo pontual.
"Quem já está filiado vai continuar filiado à central já escolhida. O alvo da disputa são os independentes."
(CR, FF e PA)
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