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Brasil pode ampliar prazo para Paraguai pagar dívidas de Itaipu, afirma Lobão
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
DA REUTERS
DA REDAÇÃO
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que o prazo do acordo da
dívida que o Paraguai tem com
o Brasil, relativa à construção
da usina hidrelétrica binacional de Itaipu, poderá ser ampliado. O Paraguai quer discutir
alterações no tratado sobre a
usina e reivindica que o Brasil
aumente o valor pago pela
energia importada.
Lobão afirmou considerar a
proposta paraguaia injusta e
voltou a dizer que o Brasil não
vai ceder muito na negociação.
"A dívida estará totalmente
paga em 2023, e o que se pode
fazer, hipoteticamente, é reduzir as prestações do pagamento
e ampliar o prazo de resgate para 2030 ou 2040", afirmou.
De acordo com o ministro, a
extensão do prazo seria parte
da política de boa vizinhança
com os demais países da América do Sul.
"É um país irmão. Podemos
ajudar, reduzindo as prestações
ou ampliando os prazos, desde
que haja justiça nos pleitos dos
paraguaios."
Um tratado firmado em 1973
entre o Brasil e o Paraguai define que a energia gerada seja dividida entre os dois países. Como o Paraguai utiliza apenas
5% dos 14.000 MW (megawatts) da capacidade da unidade, vende o excedente a preço
de custo para o Brasil. Cerca de
20% do consumo brasileiro de
energia elétrica é oriundo de
Itaipu.
Os paraguaios querem que o
Brasil pague mais pela energia
importada. O preço de custo é
uma espécie de compensação
pelo fato de o Brasil ter bancado grande parte da obra -que
custou US$ 27 bilhões. O valor,
segundo o contrato, será mantido até 2023. Lobão disse que o
país paga US$ 45 por MWh
(megawatt/hora), embora o
Paraguai sustente que seja bem
menos. A dívida do Paraguai é
estimada em US$ 19,6 bilhões.
"O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva gostaria de fazer
alguma coisa que pudesse atender às reivindicações do presidente do Paraguai [Fernando
Lugo]. As [que foram] postas na
mesa até agora não são justas",
afirmou Lobão.
Controvérsia
O governo de Lugo também
argumenta que o Brasil comete
"abuso de direito" ao não permitir que o Paraguai venda no
mercado brasileiro seu excedente de energia de Itaipu. Os
paraguaios ameaçam recorrer a
tribunais internacionais por
suas reivindicações.
"Eles reclamam que o Brasil
é devedor, e não é. Eles dizem
que pagamos pela energia US$
2,80, e nós garantimos que pagamos US$ 45. Mas, em se tratando de um país amigo, podemos ajudar", disse Lobão.
Em sua política diplomática
de evitar confrontos com os
países vizinhos, o Brasil chegou
a acenar ao governo de Lugo a
oferta de financiamentos do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
social) a obras de infraestrutura e industrialização no Paraguai a cargo de companhias
brasileiras. Seria uma saída para o país vizinho desistir das
propostas de revisão do Tratado de Itaipu.
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