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Mudança em fundo pode afetar projeto de aposentadoria
No caso de fusões, se houver retirada de patrocínio, resta aos participantes reduzir o valor do benefício ou liquidar o fundo
Ausência de regras para normatizar fusões e cisões no setor tem feito com que muitos casos acabem na Justiça, diz diretor da Previc
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em 1997, o Banerj (Banco do
Estado do Rio de Janeiro) foi
privatizado, e a instituição foi
incorporada pelo Itaú. A fusão
resultou na liquidação do Previ-Banerj, o fundo de pensão
dos funcionários do banco estadual, os planos de benefícios foram encerrados e os recursos,
devolvidos aos participantes.
O caso serve como exemplo
do que pode acontecer com
fundos no processo de fusão ou
cisão de empresas, quando há
retirada do patrocínio.
No sistema de previdência
complementar fechado, os trabalhadores contribuem para as
entidades com o objetivo de engordar sua aposentadoria. Já as
empresas optam por oferecer
esse benefício ao funcionário
dentro de sua estratégia de RH.
Dessa forma, passam também a
recolher contribuições, gozando de benefícios tributários.
Mas, com a retirada do patrocínio pela empresa, os trabalhadores passam a levar o fundo nas costas. Sobram a eles
poucas alternativas, como aumentar sua contribuição para
manter o mesmo valor de benefício no futuro, reduzir o valor
de seus benefícios ou liquidar o
fundo de pensão (nesse caso,
têm direito às contribuições
feitas ao longo dos anos).
A saída do patrocinador, no
entanto, não ocorre somente
nos casos de reestruturação.
Também pode ser fruto de dificuldades financeiras do patrocinador ou opção da empresa
em sua política de pessoal.
Na avaliação do diretor-superintendente da Previc, Ricardo Pena, a falta de regras para
normatizar fusões/cisões de
fundos tem feito com que muitos casos acabem na Justiça.
O secretário de Políticas de
Previdência Complementar,
Murilo Barella, lembra que todos os casos de reestruturação
autorizados nos últimos anos
tiveram como foco os participantes. "Tudo foi feito de forma
pontual, considerando que isso
envolve diferentes relações de
trabalho, com diferentes impactos previdenciários, com
variados níveis de contribuição
e características de planos e populações diferentes", disse.
Pena acrescenta que, junto
com a regulação do processo de
fusão e cisão, o governo deverá
rever também as normas para a
retirada de patrocínio. "A legislação atual estimula a retirada",
disse. Em 2007, ocorreram 82
retiradas de patrocínio. Em
2008, caíram para 61, minguando para 28 no ano passado.
A incorporação de uma instituição, no entanto, não leva necessariamente a uma fusão ou
ao fim das entidades de previdência complementar. Apesar
de o Besc (Banco do Estado de
Santa Catarina) ter sido adquirido pelo BB em 2008, o fundo
dos funcionários do antigo banco continuou existindo de forma independente, patrocinado
pelo BB e outras empresas.
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