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PERFIL
Celso Pinto é "pilar" do sucesso do jornal
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
O jornalista Celso Pinto foi o
dínamo que determinou o sucesso do "Valor Econômico",
joint-venture entre o Grupo
Folha e as Organizações Globo
que completa dez anos.
Então colunista da Folha, foi
ele quem definiu, em 2000, a
equipe inicial de 160 jornalistas
e as diretrizes a partir das quais
construiu-se o melhor e mais
qualificado conteúdo de jornalismo econômico do país.
Quando o "Valor" foi lançado, Celso já era o jornalista econômico mais influente de sua
geração. Alguns de seus pares
sabiam apurar. Outros, analisar. Um terceiro grupo, opinar.
Celso conquistou seu espaço
com um estilo que conciliava
grande vigor da apuração,
enorme capacidade de análise
e fobia à opinião pessoal.
Suas colunas eram acompanhadas por banqueiros, acadêmicos, industriais, autoridades
e integrantes de organizações
internacionais, que o conheciam pessoalmente.
Frequentou as reuniões do
FMI e do Banco Mundial por
30 anos, período no qual angariou o respeito pessoal dos diretores e do corpo técnico de
ambas as instituições.
Em outubro de 1998, Stanley
Fischer, segundo homem forte
do Fundo, procurou Celso para
conversar sobre a situação
cambial brasileira, prestes a explodir. À ocasião, o FMI, pressionado pelo Tesouro americano, gestava um pacote de ajuda
ao país, que fracassaria.
Quem testemunhasse a conversa veria que Fischer, a pretexto de informar Celso, tentava mesmo era tirar do jornalista o máximo de dados. Celso
pouco falou e ainda saiu do encontro com a sensação de que
estavam todos desorientados,
de que a desvalorização do real
era iminente.
Celso, 57 anos, conhece a
fundo os dilemas clássicos envolvendo juros, câmbio, dívida
e inflação. Ao longo dos anos
90, apontou o risco do uso da
apreciação cambial para conter
a inflação. Também fez alertas
relevantes no sentido inverso
- sobre formas artificiais de
depreciar o câmbio.
"Celso Pinto é um gigante do
jornalismo. Competente, sério,
inteligente, fez escola e nos deixou, como legado, o "Valor Econômico'", disse à Folha o economista Armínio Fraga.
"Celso Pinto é um dos raros
casos em que competência, conhecimento, talento e seriedade se reúnem. O jornal Valor
Econômico espelha esta lista
de qualidades." afirmou Henrique Meirelles, presidente do
Banco Central.
"Além de sua dimensão empresarial, a clareza de seus textos é um marco do jornalismo
brasileiro", disse o economista
e banqueiro Pérsio Arida.
O lançamento do "Valor" foi
a coroação de uma carreira de
sucesso iniciada na própria Folha, em 1974, e solidificada na
"Gazeta Mercantil", onde trabalhou em São Paulo e Brasília
e como correspondente em
Londres. Em 1996, voltou à Folha como colunista e, em 2000,
lançou o "Valor Econômico",
do qual foi diretor de redação.
Em maio de 2003, a carreira
de Celso foi interrompida por
uma parada cardiorrespiratória da qual ele convalesce.
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