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SALTO NO ESCURO
Estatal terá de destinar R$ 150 milhões para assumir por um ano variação do dólar do produto boliviano
Petrobras fica com o risco cambial do gás
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Petrobras precisará destinar
R$ 150 milhões de seu capital para
bancar, pelo período de um ano, o
risco cambial do gás natural importado da Bolívia para abastecer
as usinas do PPT (Programa Prioritário de Termelétricas).
Ontem, o governo divulgou a
portaria que fixa o preço do gás
em reais por 12 meses. A medida
tem como objetivo estimular a
construção de termelétricas, garantindo um aumento de 10 mil
MW na geração de energia até junho de 2003.
Como 80% do gás usado pelas
usinas é importado da Bolívia, os
investidores tinham receio de
apostar na geração de energia térmica devido à variação cambial a
que estava sujeito o preço do produto.
Pelas regras anunciadas ontem,
que valem por 12 anos, o importador - atualmente a Petrobras-
arcará com a diferença entre o
preço pago pelo gás no exterior e
o valor desembolsado pela geradora de energia (termelétrica).
Essa diferença será acumulada
por um ano e corrigida pela Selic
(média da taxa de juros dos títulos
públicos).
A portaria fixou o preço do gás
em US$ 2,581 por milhão de BTU
(medida da capacidade de geração de energia do gás). No momento em que as termelétricas
começarem a operar, esse valor
será convertido para real pela cotação do dólar do dia.
A partir daí, o preço será reajustado mensalmente, sendo 20%
pelo IGP-M (gás nacional) e 80%
pela variação cambial (gás boliviano). Apesar do reajuste mensal, somente ao final de 12 meses o
aumento será repassado para as
distribuidoras de energia e, consequentemente, para os consumidores.
O ministro de Minas e Energia,
José Jorge, enfatizou que a portaria vale apenas para as usinas térmicas que começarem a operar
até 30 de junho de 2003 dentro do
PPT. São aproximadamente 30,
segundo o ministro.
Ao definir essa data, o governo
está tentando apressar o processo
de instalação das termelétricas.
"Nesse prazo, dá para efetivar
uma termelétrica. Foi uma forma
de acelerar a execução do programa", declarou o ministro José Jorge.
O secretário de Política Econômica, Edward Amadeo, explicou
que a portaria garante aos importadores do gás, no caso a Petrobras, transferir contratos para outras empresas que venham a atuar
no suprimento de gás.
Além disso, os contratos já firmados pelas térmicas poderão ser
revistos para que sejam enquadrados nas novas regras. Os contratos novos e atuais poderão ser
repactuados a cada três anos, pois
geralmente têm a duração de 15 a
20 anos.
A portaria não trata do preço do
transporte do gás boliviano. De
acordo com José Jorge, a ANP
(Agência Nacional do Petróleo)
analisará em um mês o assunto
para que sejam definidas regras.
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