São Paulo, sábado, 02 de junho de 2007

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Petrobras negocia exploração com o Irã

Parceria com governo do país asiático, ainda em estudo, abrangeria busca de petróleo nas águas profundas do mar Cáspio

Estatal nega cobrança do governo americano para que ela não negocie com o Irã, que é acusado de ter programa com fim nuclear


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar da oposição do governo norte-americano, a Petrobras estuda ampliar seus projetos de exploração de petróleo no Irã e já analisa áreas na região ainda inexplorada do mar Cáspio, na Ásia.
Ontem, o diretor de exploração da estatal petrolífera iraniana Nioc, Seyed Mahmoud Mohaddes, disse que o governo daquele país está em estágio avançado de negociações com a Petrobras para desenvolver a exploração de petróleo em águas profundas do Cáspio.
Segundo a agência de notícias "Associated Press", o acordo com a Petrobras será fechado nos próximos meses e prevê a prospeção de dois blocos naquela região, tida como uma nova e promissora fronteira exploratória no Irã.
"Já estamos em negociações com a Petrobras há algum tempo. Essa seria nossa primeira entrada na exploração de nossa porção do mar Cáspio", afirmou o diretor da Nioc.
Em março, o Ministério do Petróleo do Irã informou que a Petrobras iria assinar um contrato de US$ 470 milhões para desenvolver as reservas do Cáspio. Nos dois blocos da região, a Nioc identificou três possíveis reservas de óleo. Cada uma delas demanda investimentos da ordem de US$ 150 milhões.
Em entrevista à Folha, o diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, confirmou o interesse da estatal brasileira no Irã. Disse que a empresa busca novas áreas para investir naquele país, especialmente na região do mar Cáspio, onde há alto potencial.
Mas a estatal informou que, apesar das negociações em curso com a estatal Nioc, só dará informações sobre seus possíveis negócios no Irã quando o contrato for assinado.
A Petrobras já explora petróleo em um campo no Irã, mas na área do golfo Pérsico. Batizado de Tusan, o campo foi arrematado em 2006. A empresa desenvolve sozinha o projeto.
O campo é explorado sob o regime de prestação de serviços, ou seja, a propriedade da área é da Nioc, que remunera, por sua vez, a Petrobras para desenvolver a exploração e a produção futura do campo.

Pressão americana
Cerveró negou a informação divulgada na imprensa de que o governo norte-americano teria cobrado explicações da Petrobras e até mesmo acenado com uma possível sanção ao Brasil por causa dos investimentos da estatal brasileira no Irã. O país asiático é cobrado pela Casa Branca por possuir um programa para enriquecer urânio, que teria objetivos nucleares.
Ele disse que nenhum comunicado oficial com tal conteúdo foi enviado pelo governo dos EUA à Petrobras.
Segundo ele, foram feitos apenas alguns questionamentos sobre a atuação da empresa no Irã durante o processo de aprovação da compra da refinaria de Pasadena, no Texas.
Para Cerveró, o Irã é um pólo de atração de investimentos da indústria do petróleo e desenvolve grandes projetos de gás atualmente. "No Irã, operam todas as petroleiras européias e elas não estão se incomodando com as restrições do governo americano. Pelo contrário: cada vez investem mais."


Com agências internacionais


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