São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2008

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Emprego nas metrópoles avança 32,4%

Criação de vagas nas grandes cidades tem o melhor desempenho desde 2000 e expansão maior que a média nacional, de 21% até abril

Para economista, contratação reflete bom desempenho de setores concentrados nos principais centros, como o automotivo e o de serviços


Joel Silva - 23.mai.08/Folha Imagem
Operário em obra em São Paulo, que concentra boa parte das vagas


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O emprego nas maiores metrópoles do país cresce a um ritmo acelerado neste ano e acima da média do país, fenômeno sem precedentes desde que os grandes centros amargaram a crise provocada pela abertura da economia e a conseqüente reestruturação da indústria nacional que se estendeu até o final dos anos 90.
De janeiro a abril deste ano, foram gerados 259,5 mil empregos formais "líquidos" (diferença entre o total de admissões e de desligamentos) nas seis principais regiões metropolitanas do país -São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre.
Trata-se de uma expansão de 32,4% em relação ao primeiro quadrimestre de 2007 -quando foram abertas 196 mil vagas, com alta também expressiva, de 23%, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), elaborados a pedido da Folha pela LCA Consultores. É o melhor desempenho desde 2000 -quando houve alta de 30%.
Na média nacional, a expansão do emprego formal foi mais modesta: 21% ante os primeiros quatro meses de 2007 -com geração de 849 mil empregos. De janeiro a abril de 2007, o incremento havia sido um pouco maior -23%.
Segundo o economista Fábio Romão, da LCA, o emprego metropolitano vai melhor do que a média do país na esteira do bom desempenho de setores concentrados nos grandes centros. Cita as indústrias automobilística e de máquinas e equipamentos (líderes do crescimento do setor fabril), a construção civil e o setor de serviços, com destaque para a intermediação financeira e às atividades em bares, hotéis, restaurantes e turismo.
"É a redenção do emprego formal nas metrópoles. Os grandes centros tomaram fôlego na criação de vagas, após um período ruim nos anos 90. Em meados desta década, eles esboçaram uma reação, mas não com o ritmo atual", diz.
Nos anos 90, foram as metrópoles as primeiras afetadas pelo que se chamou, então, de crise estrutural do emprego, com eliminação de milhares (talvez milhões) de postos de trabalho, especialmente na indústria. O setor tinha que se reestruturar ou quebrava com a concorrência internacional. O caminho tomado foi o corte de empregos e a terceirização.

Onda de empregos
Passada mais de uma década, a indústria, bem mais enxuta, volta a empregar com vigor: de janeiro a abril deste ano, gerou 41,6 mil postos de trabalho nas metrópoles -alta de 56% ante igual período de 2007. Na média nacional, o incremento foi bem menor: 6,9% (229 mil).
Na construção civil, o emprego evoluiu ainda mais favoravelmente: subiu 122,1% nas metrópoles -mais do que os 101,5% da média nacional. "A construção registra números recordes de emprego, e as grandes cidades puxam esse movimento", diz o vice-presidente do Sinduscon, Eduardo Zaidan.
Somente São Paulo, diz ele, gerou 15% de todas as vagas abertas na construção no primeiro trimestre deste ano -no mesmo período de 2007, a cidade representou 22% total.
Em números absolutos, o setor de serviços foi o campeão na criação de empregos: 336,4 mil no primeiro quadrimestre de 2008 -alta de 24,2%. Desse total, 42,7% foram vagas abertas nas seis maiores regiões metropolitanas do país.
De todos os empregos formais gerados no Brasil no primeiro quadrimestre deste ano, 30,6% estavam nessas seis metrópoles, a maior marca para o período desde 2000.
Para a economista Lígia Cesar, da consultoria MCM, as grandes cidades são pólos de atração de empregos e de profissionais mais qualificados e se beneficiam mais de momentos de forte crescimento da economia, como o atual.
"Quando a economia cresce, gera uma demanda por serviços mais sofisticados, abre nichos de mercado e empregos, que são mais focados nas metrópoles," explica Lígia Cesar.

Descompasso
O descompasso entre as metrópoles e o resto do país, diz Romão, é resultado tanto do maior dinamismo dos setores concentrados nas grandes cidades como também do desempenho tímido de ramos mais presentes no interior, como a indústria de alimentos, em especial de açúcar e álcool.
Outro inibidor do emprego fora das metrópoles é o fraco desempenho do comércio, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, segundo Romão.


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