São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2008

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Oscilação maior da Bolsa desafia investidor

Instabilidade na cotação das ações, puxada por setores como o bancário e o de commodities, aumentou nas últimas semanas

Sobe-e-desce dos papéis torna mais arriscadas as operações no mercado acionário; especialistas sugerem diversificação


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Além de ser destaque em 2008 como uma das Bolsas que mais sobem no mundo, a Bovespa tem operado em seus maiores níveis da história. Nesse cenário, o investidor, especialmente o que não está acostumado às oscilações do mercado acionário, deve ter mais cautela do que nunca.
A instabilidade tem sido elevada nas últimas semanas, o que torna a Bolsa de Valores ainda mais arriscada. Segundo um índice calculado pela própria Bolsa paulista, o Ibovespa teve volatilidade de 32,11% em maio (até o dia 29). A média dos três meses anteriores mostrou índice de 30,28%. No período de um ano, o indicador ficou em 30,77%. Ou seja, a instabilidade tem aumentado.
O sobe-e-desce das ações acaba por trazer maiores dificuldades para se realizar projeções de investimento. Isso porque a volatilidade representa a intensidade e a freqüência das oscilações das cotações dos ativos (como as ações) em um determinado período. "As fortes variações nos preços das commodities têm trazido grande instabilidade à Bolsa brasileira", diz Júlio Martins, diretor da Prosper Gestão de Recursos.
Sempre nos holofotes em decorrência de seus lucros bilionários, as ações do setor financeiro têm sofrido oscilações ainda mais bruscas no mês.
A notícia de que a Nossa Caixa poderia ser vendida ao Banco do Brasil fez com que suas ações ordinárias se destacassem com altíssima volatilidade em maio. Para os papéis da Nossa Caixa, o índice chegou aos 115,71% no mês; para os do Banco do Brasil, o indicador ficou em 53,18%.
Outras ações do setor bancário seguiram o ritmo, com instabilidade bem acima da registrada pelo Ibovespa -que é a principal referência da Bolsa e agrupa as 66 ações mais negociadas do mercado. Para os papéis units do Unibanco, o índice registrou 51,51%; para os preferenciais do Itaú, foi a 44,04%; no caso de Bradesco PN, ficou em 43,28%.
"Das oscilações da Bolsa não tem como fugir", afirma Dirceu Galle, assessor de investimentos da Fator Corretora. "E temos de lembrar que a Bolsa tem operado perto de suas máximas. O que é mais relevante é ser seletivo neste momento, ficando atento às diferentes oportunidades oferecidas por empresas de setores distintos", aconselha Galle.
O que o investidor nunca deve esquecer é que ninguém pode prever com exatidão o que ocorrerá com a Bolsa. Por isso, independentemente de a Bolsa estar oscilando muito, sempre é importante lembrar que aplicar em ações representa assumir riscos de perder ao menos uma parte do capital investido.
Galle avalia que neste momento os setores mais ligados ao mercado interno, como consumo e construção civil, podem ser mais interessantes que papéis mais tradicionais, como Petrobras e Vale, que tem subido bastante nos últimos tempos -o que pode acabar por limitar seu potencial de alta. Além disso, tanto a Petrobras como as ações do setor siderúrgico sofrem grande influência do desempenho das commodities no mercado internacional.
Um exemplo claro é a Petrobras. Com o barril de petróleo testando suas máximas históricas, chegando a superar recentemente a barreira de US$ 130, os papéis preferenciais da Petrobras ganharam novo impulso e terminaram maio com valorização acumulada de 16,11%. Mas na semana passada, marcada pelo recuo do petróleo, os papéis tiveram queda de 3,08%.
"Mais do que as oscilações do mercado, deve-se olhar cada empresa, seu perfil e as perspectivas que gera. A diversificação para quem investe em ações também é um fator bastante importante", afirma Théo Rodrigues, diretor-geral do INI (Instituto Nacional de Investidores).


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