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Produção industrial tem pior quadrimestre desde 91
Apesar da queda de 14,7% em relação a 2008, IBGE diz que dado mensal revela reação "lenta e gradual" devido ao consumo interno
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Distante ainda de se recuperar do tombo provocado pela
crise, a produção da indústria
caiu 14,7% no acumulado de janeiro a abril de 2009, o pior desempenho para esse período
desde o início da pesquisa do
IBGE, em 1991. Em abril, o recuo ficou no mesmo patamar:
14,8% ante abril de 2008.
Já em relação a março, houve
expansão de 1,1% na série livre
de influências típicas de cada
período. Foi o quarto mês consecutivo de alta nessa base de
comparação.
Para Isabela Nunes, técnica
do IBGE, o resultado revela
uma "gradual e lenta" reação da
indústria, sustentada pelo mercado interno graças ao crescimento da renda. Especialistas,
por seu turno, não descartam,
diante do resultado, retrações
do PIB no primeiro e no segundo trimestres deste ano e estimam uma queda de até 6% da
indústria em 2009.
"Há um crescimento gradual
da indústria na margem [em relação ao mês anterior]. É uma
recuperação muito lenta e gradual, mas contínua nos últimos
meses", disse Nunes.
Na esteira da expansão da
renda, a categoria de bens semi
e não duráveis teve o desempenho menos negativo no primeiro quadrimestre: queda de
3,2%. Já na outra ponta, a produção de bens de capital caiu
22,6% no período -o pior desempenho desde o início da
pesquisa do IBGE.
Para Nunes, as expectativas
se deterioram diante da crise, o
que inibe investimentos, especialmente na compra de máquinas e equipamentos. A queda de 29,3% em abril também
foi a maior da série do IBGE.
A economista avalia que o desempenho da indústria só não
foi pior porque o crédito melhorou desde o começo deste
ano e a redução de tributos
também beneficiou alguns setores. É o caso do de veículos
automotores, cuja produção
avançou 61,1% nos quatro primeiro meses deste ano, após
desabar no final de 2008.
De março para abril, a produção do setor automobilístico
cresceu 3,3%. Tal desempeno
puxou também para cima outros ramos, como metalurgia
(5,1%) e borracha e plástico
(6,7%). Os três tiveram os melhores desempenhos da indústria em abril.
Apesar dos primeiros sinais
de melhora, os dados de abril
não são suficientes para inverter a tendência de queda da indústria neste ano, segundo Sérgio Vale, economista da MB Associados.
Mesmo com os quatro meses
seguidos de crescimento na
comparação com o mês imediatamente anterior, a indústria
ainda opera no mesmo patamar de outubro de 2005.
"Esse resultado de abril não é
suficiente para ajudar a indústria. Se a indústria mantiver o
ritmo atual, na ponta, a produção vai cair 6% neste ano", diz.
Diante desse cenário, a MB
prevê PIB próximo a zero neste
ano. Para o primeiro trimestre,
prevê queda de 3,4% ante o
mesmo período de 2008. Já a
estimativa para o segundo trimestre indica retração de 0,9%.
Para Leonardo Carvalho,
economista do Ipea, a produção ainda sente os efeitos de
um grande ajuste de estoques e
só deve registrar uma recuperação mais firme no segundo
semestre, sustentada pelo mercado interno.
"O reajuste do salário mínimo recupera o consumo e a
renda e evitará uma queda ainda mais intensa da produção da
indústria e sustentará um pouco o PIB", concorda Vale.
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