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Setor sucroalcooleiro vê cenário melhor
Momento é mais propício ao açúcar, pois oferta está menor do que a demanda; álcool deve se recuperar em agosto/setembro
Pessimismo dominou no início da safra, mas agora
há mais otimismo; usinas estão conseguindo produzir, financiar e exportar mais
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
As nuvens cinzentas que pairam sobre o setor sucroalcooleiro parece que estão se dissipando. Houve uma mudança de
cenário nos últimos meses e,
embora parte das usinas ainda
tenha dificuldades para sair da
crise, outras já apresentam um
horizonte bem melhor.
Essa é a visão de vários participantes do Ethanol Summit,
encontro do setor iniciado ontem, em São Paulo, e que termina amanhã. Organizado pela
Unica (União da Indústria de
Cana-de-Açúcar), o evento serve para o setor "refletir e debater sobre suas perspectivas",
segundo Marcos Jank, presidente da entidade.
O setor está dividido, diz Roberto Rodrigues, ex-ministro
da Agricultura. "As usinas que
se endividaram ainda passam
por um processo difícil. Já as
que não contraíram dívidas estão se saindo bem. Deve haver
concentração maior no setor."
O setor vive um cenário bom
para o açúcar, cuja oferta está
menor do que a demanda, mas
o álcool tem preços que não remuneram adequadamente.
Com preços baixos, as usinas
sem crédito colocam mais álcool à venda, depreciando ainda mais os preços. Essa queda
reflete diretamente na renda
dos fornecedores de cana, segundo Rodrigues.
Na avaliação do ex-ministro,
o setor passa por um processo
de saneamento, mas o cenário
de 2010 será melhor. Prova disso é a busca de negócios no setor por parte das petrolíferas.
Plinio Nastari, presidente da
Datagro, também vê um cenário melhor para o setor. "Após
termos chegado ao fundo do
poço, estamos saindo da crise",
diz ele. Não haverá, no entanto,
expansão acelerada porque o
setor vive uma ressaca, diz.
O açúcar, produto que dá
mais liquidez ao setor no momento, tem déficit mundial de
7,8 milhões de toneladas na safra 2008/9. Na próxima safra, o
déficit se manterá, e a oferta
deverá ser 4,5 milhões inferior
à demanda, segundo Nastari.
Já o álcool, com preços baixos no momento, deve se recuperar a partir de agosto e setembro, devido à menor oferta.
Antonio de Padua Rodrigues,
da Unica, diz que a safra começou com pessimismo muito
grande, "mas já está havendo
uma transição para o otimismo,
principalmente devido ao açúcar". As usinas estão conseguindo produzir, financiar e exportar, tendo fluxo de caixa.
Mas não são todas. "Muitas
usinas enfrentam problemas
de liquidez, de falta de crédito e
não conseguem obter financiamento nem para construir estoques", diz ele.
Ajuste no mercado
Internamente, os preços baixos aumentaram a demanda.
Do lado externo, as exportações estão fortes e somaram
400 milhões de litros no mês
passado. Com as usinas voltadas para o açúcar, mais rentável, a produção de álcool deve
crescer pouco. "O mercado vai
fazer um ajuste de oferta e demanda via preço", afirma o diretor da Unica.
O setor de fornecimento de
equipamentos, um dos mais
afetados pela crise, também começa a sentir um cenário melhor. "Voltaram as consultas,
mas ainda não ocorreram novos negócios", afirma José Luiz
Olivério, vice-presidente de
tecnologia e desenvolvimento
da Dedini Indústria de Base.
Luciano Coutinho, presidente do BNDES, diz que o banco
também aumentou a participação no setor sucroenergético
neste ano. De janeiro a abril, o
BNDES já desembolsou R$ 3,2
bilhões, 36% acima do volume
de igual período de 2008.
O setor de máquinas agrícolas, que ainda sente fortemente
a crise financeira vivida pelo
agronegócio, também foi "surpreendido positivamente nos
últimos dois meses", quando
houve melhora nas vendas de
colhedoras de cana, segundo
Ari Kempenich, da Case IH.
Com a Reuters
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