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País depende do FMI para fechar as contas
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil deve ter de contar mais
uma vez com a ajuda do FMI para
fechar as contas externas neste
ano. A melhora no resultado positivo da balança comercial não será suficiente para equilibrar as
contas, devido à expressiva queda
no investimento direto estrangeiro esperado para o ano.
No ano passado, graças a US$
6,6 bilhões que foram emprestados pelo FMI (Fundo Monetário
Internacional), o resultado do balanço de pagamentos -que contabiliza todos os dólares que entram e saem do país- foi positivo. Há duas semanas, o governo
anunciou o saque de mais US$ 10
bilhões do FMI.
Na avaliação de instituições financeiras e consultorias ouvidas
pela Folha, o resultado das transações correntes -que incluem
os resultados da balança comercial, pagamento de juros, turismo
internacional, remessas de lucros
entre outras operações- deve ficar negativo em cerca de US$ 21
bilhões neste ano.
Para financiar esse rombo, a expectativa é que o país receba algo
em torno de US$ 17 bilhões do exterior por meio de investimento e
empréstimos (isso antes de serem
contabilizados os US$ 10 bilhões
que o governo acaba de receber
do Fundo). O mercado espera que
a balança comercial acumule um
superávit de cerca de US$ 4,5 bilhões no ano, insuficiente para
equilibrar as contas, devido à expressiva queda na entrada de dólares no país.
"É importante não esquecer que
o último bimestre poderá ser de
muita volatilidade, como reflexo
do resultado das eleições presidenciais [em outubro", o que traria algumas surpresas para o resultado final das contas externas
do país no ano", afirma Hélcio
Takeda, economista do banco Interamerican Express.
Equilíbrio
O economista Fernando Barbosa, do banco BBV, explica que a
utilização do dinheiro recebido
do Fundo há poucos dias será
fundamental para o resultado final das contas externas do país. Se
o governo utilizar grande parte
desses recursos em intervenções
no câmbio, por exemplo, e quem
comprar os dólares -empresas e
instituições financeiras- os enviar para o exterior, o esperado
efeito positivo nas contas no final
do ano não acontecerá.
Quanto maior é o déficit em
transações correntes, mais capital
estrangeiro o país necessita para
poder fechar as contas externas.
Esses recursos chegam por meio
de empréstimos e de investimentos diretos.
Um país com déficit alto é considerado vulnerável porque, em
momentos de crise, pode enfrentar dificuldades para captar dinheiro no exterior.
"O governo não deveria permitir que o valor do real diante do
dólar voltasse a aumentar muito.
Um câmbio próximo dos R$ 2,70
por dólar traria benefícios para a
balança comercial e, consequentemente, às contas externas do
país", afirma Fernando Ferreira,
diretor da Global Invest.
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