São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2004

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SIDERURGIA

Banco vê controle das empresas como estratégia para mudar setor

BNDES quer ações de CSN e CST em troca de dívidas

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) estuda uma proposta aos controladores das siderúrgicas CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão) para transformar em participações acionárias nas duas empresas créditos que o banco tem a receber delas ou dos próprios controladores.
O banco estatal considera estratégico participar do controle das empresas siderúrgicas. O BNDES quer ser voz ativa no processo de reestruturação do setor siderúrgico brasileiro, já em andamento, e avalia que, como acionista das principais empresas, terá melhores condições de participar.
Hoje, o banco possui apenas 0,5% do capital da CSN. Da CST, o banco é sócio indireto, por meio da Vale do Rio Doce, dona de 22,85% do capital da siderúrgica capixaba. Só que a Vale acaba de anunciar o acerto para a venda da sua participação total à Arcelor, empresa européia que já é a principal acionista da CST.
Segundo informações obtidas no site da CST, a empresa devia ao BNDES cerca de R$ 300 milhões no fim do ano passado. Já a CSN tem com o banco uma dívida de R$ 210 milhões. A Vicunha Siderurgia, controladora da CSN, deve ao banco R$ 1,2 bilhão.
Em novembro do ano passado, quando o BNDES comprou, por R$ 1,5 bilhão, uma participação de 8,5% no capital da Valepar (10,4% do capital votante), controladora da Vale do Rio Doce, uma das justificativas era zelar pela presença da mineradora em áreas consideradas estratégicas, como a siderurgia.
O banco era contra a venda pela Vale da sua participação na CST, mas até agora não se manifestou sobre a concretização do negócio.
Analistas avaliam que o BNDES possa ter concordado com a venda da CST pela Vale em troca de participação conjunta com a Arcelor e com a própria Vale em empreendimentos siderúrgicos no Nordeste. Agora, o banco quer participar diretamente do capital da CST.
O BNDES gostaria de ver formado um grande grupo siderúrgico de capital majoritariamente nacional.
Uma das alternativas para a formação de um grande grupo nacional seria a fusão da CSN com a Usiminas/Cosipa, uma operação sonhada no BNDES, mas que até agora não encontrou a mesma simpatia dentro dos dois grupos.
Para a analista Cristiane Viana, do Banco Espírito Santo, ainda há muito a acontecer na reestruturação da siderurgia do país. Ela disse que a consolidação da Arcelor na CST já era esperada e que, além do grupo europeu, a Usiminas/Acesita e o grupo Gerdau já formam complexos com produção em torno de 10 milhões de toneladas/ano.
Para Viana, a incógnita do momento é o que fará a CSN. Ela não quis falar sobre uma possível participação do BNDES no processo, argumentando que seria mera especulação.


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