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TRIBUTAÇÃO
Entre janeiro e março, contribuintes pagaram mais à União, a Estados e a municípios; Receita só faz cálculo anual
Carga fiscal no 1º trimestre é de 40% do PIB
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas e pessoas físicas
continuaram pagando mais tributos no primeiro trimestre deste
ano. O valor pago entre janeiro e
março -R$ 155,11 bilhões- representou o recorde de 40,01% do
PIB (Produto Interno Bruto).
Significa dizer que, de cada R$
100 em riquezas produzidas no
país no primeiro trimestre deste
ano, R$ 40 ficaram com os três níveis de governo (União, Estados e
municípios), segundo estudo divulgado ontem pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário). O PIB do primeiro
trimestre foi de R$ 387,72 bilhões,
segundo dados do IBGE.
Para ter idéia do aumento da
carga tributária, os 40,01% representam aumento de 1,05 ponto
percentual (ou R$ 19,26 bilhões)
sobre os 38,95% do primeiro trimestre de 2003, quando foram arrecadados R$ 135,85 bilhões.
Embora o ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho, venha afirmando que não haveria aumento
da carga no governo Lula, foi justamente a União quem mais tirou
proveito do aumento neste ano.
Do 1,05 ponto percentual a
mais, a União ficou com 0,72 ponto, sendo 0,46 ponto dos tributos
arrecadados pela Receita Federal
e 0,26 ponto das arrecadações do
INSS e do FGTS. Os Estados ficaram com 0,17 ponto do acréscimo, e os municípios, com 0,16.
Os R$ 19,26 bilhões a mais neste
ano representaram aumentos nominal de 14,17% e real de 7,83%
(pelo IPCA) em relação ao primeiro trimestre de 2003. O PIB
cresceu R$ 38,97 bilhões, com aumentos de 11,18% e 4,99%, respectivamente, no mesmo período.
Avanço sobre a renda
Segundo o advogado Gilberto
Luiz do Amaral, presidente do
IBPT e um dos autores do estudo
-o outro é o auditor João Eloi
Olenike-, tradicionalmente é no
primeiro trimestre de cada ano
que a carga tributária atinge seu
maior índice. Motivos: retração
da atividade econômica aliada à
concentração de inúmeros tributos, como Imposto de Renda das
empresas, IPVA e IPTU.
Além desses, os principais tributos federais responsáveis pelo
aumento no trimestre foram a
Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), que aumentou de 3% para
7,6% a partir de fevereiro (mais
15,75% em relação a 2003, ou R$
2,24 bilhões), a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido),
com mais 33,44%, ou R$ 1,37 bilhão, o IR, com mais 15,91%, ou
R$ 3,58 bilhões, a CPMF, com
mais 10,9%, ou R$ 620 milhões, e
a contribuição ao INSS, com mais
17,06%, ou R$ 3,21 bilhões.
No caso dos Estados, o ICMS
continua sendo o carro-chefe,
com alta de 10,02% e receita de
mais R$ 2,91 bilhões. Os tributos
municipais (IPTU e ISS) cresceram 17,21%, ou R$ 1,38 bilhão.
Amaral diz que "há um avanço
significativo da tributação sobre a
renda, o patrimônio e a produção,
que prejudica fortemente o setor
privado da economia".
Receita contesta
A Receita Federal contestou a
informação de que a carga tributária teria atingido, no primeiro
trimestre deste ano, 40,01% do
PIB. Segundo a Receita, o cálculo
nunca é feito trimestralmente para evitar distorções sazonais.
Esse seria o caso do primeiro trimestre do ano, período que concentra um volume maior de impostos, como IPTU, IPVA e IR
das empresas, entre outros.
De acordo com a Receita, além
da sazonalidade, o cálculo é feito
com base no período anual por
um segundo motivo: o fato de o
valor nominal do PIB só ser divulgado no segundo trimestre do
ano seguinte ao que se refere.
Para a Receita Federal, "é temerário estimar a carga tributária em
periodicidade inferior à anual,
pois comporta elevada margem
de erro, levando a conclusões
equivocadas".
Colaborou a Folha Online
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