São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2004

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Palocci admite tributação maior

Sergio Zacchi/Folha Imagem
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, durante o 2º Congresso da Indústria Paulista, promovido ontem pela Fiesp


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, admitiu que as mudanças na estrutura da cobrança da Cofins, implementadas a partir de fevereiro, podem provocar aumento da carga tributária para alguns setores da economia.
A concretização de uma reforma tributária que desonere o setor produtivo foi a principal reclamação ouvida ontem por Palocci no 2º Congresso da Indústria Paulista, promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"O tema da reforma tributária é fundamental. Continuamos incomodados com a questão da carga", afirmou Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp.
Em discurso durante o evento, Palocci afirmou que atualmente há alguns setores "supertributados e outros superprotegidos".
"Neste ano, pode haver a preocupação de aumento da carga por conta das mudanças na Cofins. Se houver aumento, corrigiremos as distorções. É um compromisso do presidente e do governo de não haver mais aumento de carga tributária", disse o ministro.
Para o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, "a combinação de uma tributação ineficiente e excessiva somada ao custo financeiro tem sido asfixiante. O país não suporta a atual carga tributária".
Apesar das cobranças, os ministros Palocci e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) mantiveram seus discursos otimistas, ressaltando a retomada do crescimento e a estabilidade econômica reconquistada.
"O quadro de crise de 2002 já está revertido. Não há combate à inflação sem custos, mas não há crescimento sustentável com inflação", disse Palocci para justificar o rumo da política econômica.
Ao comentar a definição, anteontem, da meta de inflação para 2006 pelo Conselho Monetário Nacional, Palocci não concordou com a teoria de que "um pouquinho mais de inflação gera um pouquinho mais de crescimento".
O CMN não alterou a meta de inflação de 2005, que é de 4,5%, como alguns economistas defendiam. Eles argumentavam que, se a meta fosse elevada, haveria um pouco mais de espaço para a taxa básica de juros cair.
"Quando você deixa de tratar o controle da inflação como uma questão fundamental da política econômica, o risco pode ser o de a inflação voltar a níveis indesejados. Admitir uma inflação maior é um convite para a inflação crescer", afirmou Palocci.
Na opinião de Piva, o governo deve "começar a atacar" a questão do "spread" bancário (diferença entre o custo de captação dos bancos e os juros cobrados dos tomadores), que "é muito elevado".
À noite, durante cerimônia de premiação de empresas da revista "Exame", Palocci voltou a afirmar que a atual gestão tem um compromisso de "estancar a escalada" da carga tributária.
Segundo o ministro, há ainda outro projeto de mudança tributária, desta vez de desoneração da folha de pagamentos. O projeto de lei deve ser enviado ao Congresso até o final do ano.
"É um objetivo nosso fazer [essa medida]. Mas achamos inconveniente fazê-la antes de concluir toda a mudança da Cofins e sobrepor uma mudança tributária como essa ao mesmo tempo."

Colaborou Cíntia Cardoso, da Reportagem Local


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