São Paulo, domingo, 02 de julho de 2006

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Empresas vêem arbitrariedade nas autuações do fisco

Nova, Betra, Cotia Trading e H.Stern negam irregularidades em importação de mercadorias e apontam "excessos" da Receita

DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas e tradings que tiveram suas mercadorias apreendidas pelo fisco ou estão sob investigação por serem suspeitas de cometer irregularidades nas importações negam que tenham tentado fugir do pagamento de impostos ou usar práticas fraudulentas, como o subfaturamento de produtos, e apontam "excesso" dos fiscais nas atuações.
Nilo Braun, advogado da Nova Importação e da Betra Trading, que tiveram perfumes e cosméticos apreendidos pelo fisco em Itajaí, informa que houve "arbitrariedade" no auto de infração dos fiscais nas importações que seriam realizadas para a PH Arcangeli. A importadora busca, na Justiça, anular o auto. "Após a apreensão das mercadorias, entramos com mandado de segurança para liberar a carga. Mas ele foi negado e recorremos ao TRF. Agora queremos discutir o mérito do auto de infração e vamos entrar com ação na Justiça Federal para isso. Também será pedida indenização pelos prejuízos que a Nova sofreu, porque teve o CNPJ suspenso e não pode operar", diz.
O advogado informou que a Nova havia feito investimentos da ordem de R$ 2 milhões em Santa Catarina para ampliar suas instalações e, após ser impedida de operar, demitiu 20 funcionários e teve de alugar seu armazém. "Uma empresa que investe esse montante pode ser considerada de fachada, de simular operações? Em sete anos de existência, a Nova nunca foi autuada por esse tipo de problema", afirma.
Braun informa que a situação é mais "absurda" ainda porque, apesar de os fiscais pedirem a suspensão do CNPJ da Betra, o pedido foi negado. "Alegaram que a Betra era de fachada. Como ela tem sede em Brasília, recorremos à Justiça, que deu sentença favorável à empresa."

Cotia Trading
A Cotia Trading nega que tenha importado mercadorias de forma irregular para a H.Stern e informa que é a responsável por trazer ao país as mercadorias apreendidas em Vitória pela Receita. Diz que os relógios suíços e cristais franceses foram pagos com recursos próprios. Também afirma que recolheu os impostos devidos na importação para revender as mercadorias nacionalizadas.
A empresa vai aguardar decisão na esfera administrativa da Receita para definir as medidas jurídicas que pretende adotar. A trading acredita que, com a criação da lei 11.281, de fevereiro deste ano, e a instrução normativa nš 634, editada pela Receita em março, que permite às importadoras atuar em "operações por encomenda", a legislação aduaneira foi "aperfeiçoada". Com essa modalidade, uma loja pode encomendar o que será importado. A trading compra e a empresa adquire no Brasil o que foi encomendado.

H.Stern
A H.Stern, empresa que emprega 3.000 funcionários e possui 160 lojas em 12 países, disse em comunicado que "nunca foi autuada" pela Receita por problemas em suas importações. Esclarece que comprou mercadorias "diretamente de uma empresa importadora, sendo que o lote foi objeto de investigação, o que acarretou na retenção das respectivas mercadorias e instauração de um procedimento administrativo contra a empresa importadora".
A H.Stern diz que já ingressou com medida judicial para obter a liberação das mercadorias. "No entanto, não se obteve esta liberação até o momento porque há o entendimento de que a H.Stern não tem legitimidade para tal, já que não é parte do processo administrativo." (CLAUDIA ROLLI E FÁTIMA FERNANDES)

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