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Crise global interrompe a expansão da classe C no país
Distribuição da população permaneceu a mesma em 2008, após ascensão no ano anterior
Pesquisa aponta ainda crescimento de 16,6% na renda média dos brasileiros das classes A e B e, na outra ponta, de 12,1% nas D e E
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
A crise econômica mundial
interrompeu a mobilidade social no país. No final de 2008, a
distribuição da população brasileira se manteve praticamente a mesma contabilizada no
ano anterior, após a ascensão
social registrada até então.
A classe C, principal grupo do
país, passou de 36% para 46%
da população de 2006 para
2007 e ficou estagnada em 45%
no ano passado (veja quadro).
Os dados foram divulgados
ontem pela Cetelem, do grupo
BNP Paribas, e se referem à
pesquisa feita no final de dezembro com 1.500 pessoas com
16 anos ou mais em 70 cidades.
Para Marc Campi, presidente
da Cetelem no Brasil, o dado é
positivo. "Houve uma consolidação dos ganhos que a população teve nos últimos anos."
A renda familiar também
aponta nessa direção, com
crescimento em todas as classes sociais, com a maior elevação sendo detectada nas classes
A e B (16,6%), fechando o ano
com média de R$ 2.586. No outro extremo, as classes D e E tiveram o menor acréscimo
(12,1%) nesse comparativo,
chegando a R$ 650.
Na opinião de Campi, é preciso olhar ainda mais para trás
para ter a dimensão da mudança. Em 2005, por exemplo, esse
estrato da população "não fechava as contas", faltando R$ 17
ao final do mês. Já em 2008, sobravam R$ 69 -mais que o triplo do ano anterior (R$ 22).
O professor Waldir Quadros,
do Instituto de Economia da
Unicamp, destaca que as condições vinham melhorando até
setembro, antes do agravamento da crise, e a pesquisa realizada em dezembro já deve ter
captado o baque devido à turbulência global.
Neste ano, avalia, "pode ter
havido algum retrocesso", mas
ressalta que as medidas tomadas pelo governo federal devem
ter evitado "uma piora maior
do que ocorreria".
O economista Francisco Pessoa, consultor da LCA, cita a redução no número de vagas no
mercado de trabalho como um
dos motivos dessa estagnação
nas classes sociais.
De acordo com o Ministério
do Trabalho e Emprego, houve
a eliminação de 696 mil postos
com carteira assinada em novembro e dezembro. Apesar da
melhora no cenário desde então, o saldo, até maio, é negativo. Para voltar aos patamares
de outubro, é necessário criar
516 mil empregos formais.
Ainda assim, o economista
diz acreditar que "pode voltar a
ter ascensão social" neste ano,
já que houve o barateamento
de bens duráveis, como itens da
linha branca (geladeiras, fogões) e automóveis, que tiveram redução de IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados). Nesta semana, o governo
garantiu o estímulo fiscal até o
último trimestre, com a volta
gradual às alíquotas originais.
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