São Paulo, Sexta-feira, 02 de Julho de 1999
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COMUNICAÇÕES
Objetivo é impedir que usuário em débito assine novo contrato
Operadoras de celular terão lista anticalote

FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

As operadoras de telefonia celular do país vão montar um cadastro nacional de usuários inadimplentes para evitar a proliferação do calote no setor, anunciou ontem a Acel (Associação Nacional dos Prestadores de Serviço Móvel Celular).
Com o cadastro, as operadoras vão impedir que o usuário em débito com uma operadora assine contrato com outra empresa.
Hoje, as empresas não podem recusar clientes que estão em outras listas de inadimplência (como o SPC, por exemplo). Com um cadastro próprio, elas querem driblar essa restrição determinada pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
A Acel vai considerar inadimplente o usuário que ficar com sua conta vencida por mais de 90 dias.
"Por enquanto, a inadimplência não está assustando. Mas o assinante não pode ficar dando tombos sucessivos nas empresas", disse o presidente da Acel, Luiz Alberto Garcia, controlador do grupo Algar (que possui as empresas CTBC Telecom e ATL).
Segundo a Acel, o gasto médio dos usuários de telefonia celular no Brasil varia de R$ 80 a R$ 100 por mês. Garcia disse que a entidade está negociando com a Anatel medidas adicionais de controle sobre usuários que estejam inadimplentes em relação a outros serviços. "Se ele estiver listado no SPC, queremos exigir garantias adicionais ou estabelecer limites para sua conta telefônica. É preciso haver um controle sobre os maus pagadores", disse Antônio José Ribeiro dos Santos, da Acel.
O presidente da Acel disse ainda que as operadoras do setor estão considerando a possibilidade de lançar uma tarifa única válida para todo o país. Cada empresa teria a sua tarifa única, o que descaracterizaria a prática de cartel.
Com essa medida, acabariam os degraus tarifários entre ligações locais e de longa distância. As empresas acreditam que a perda de receita pode ser compensada com o aumento do número de ligações.
Uma medida semelhante já foi tomada pela Telemig Celular (de Minas Gerais): todas as ligações feitas dentro do Estado possuem a mesma tarifa.
O superintendente da operadora, Luiz Gonzaga Leal, disse que a empresa reduziu em 50% suas tarifas. Em compensação, o tráfego de chamadas aumentou 20% desde que a medida foi tomada.
FHC recebeu ontem a Acel para comemorar a existência de 10 milhões de telefones celulares no país. Em 94, o país possuía 800 mil terminais de telefonia móvel.
Segundo a Acel, as 22 empresas do setor têm hoje 15 mil empregos diretos.


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