São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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Exportação cresce e melhora saldo comercial

Vendas ao exterior em julho são as maiores da história; importações também atingem recorde, mas reduzem ritmo de alta

Saldo da balança comercial de janeiro a julho ficou em US$ 14,65 bi, uma queda de 39% em relação aos mesmos meses do ano passado


IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O auge da safra de grãos e os altos preços de commodities elevaram as vendas externas do país no mês passado. As exportações e as importações brasileiras registraram valores recordes para o mês de julho, com vendas de US$ 20,45 bilhões e compras de US$ 17,14 bilhões. O resultado foi um superávit de US$ 3,3 bilhões, valor 5,5% menor que em julho de 2007.
O desempenho das exportações nos primeiros sete meses do ano também demonstra que a alta dos preços de alimentos e metais vêm recuperando as vendas externas do país.
De janeiro a julho, o Brasil exportou US$ 111,1 bilhões, um aumento de 27,7% em relação ao mesmo período de 2007. No primeiro semestre, a expansão foi de 24,8%. Ou seja, o ritmo vem crescendo e o resultado dos últimos 12 meses -US$ 184,41 bilhões- já se aproxima da meta do governo, de US$ 190 bilhões para este ano.
As importações, por outro lado, reduziram o ritmo de alta. No acumulado deste ano, foram importados US$ 96,45 bilhões, aumento de 52,2% em relação aos primeiros sete meses de 2007. De janeiro a junho deste ano, o ritmo era de 62,6%.
A conseqüência foi a melhora no superávit comercial, que vinha se deteriorando fortemente ao longo do ano. De janeiro a julho, o saldo da balança ficou em US$ 14,65 bilhões, uma queda expressiva de 38,7% em relação aos mesmos meses de 2007. Em maio, o saldo acumulado foi 48% menor e no primeiro semestre, 44,3% abaixo do registrado no mesmo período de 2007.
A melhora é particularmente importante porque auxilia o balanço de pagamentos. No primeiro semestre deste ano, o país teve um déficit recorde na história em transações correntes: US$ 17,40 bilhões.
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, o mês de julho tradicionalmente registra altas de exportação, entre outros motivos, devido ao embarque da safra.
"Foi um mês equilibrado, e isso reflete um bom momento da economia brasileira. As importações estão bastante concentradas em máquinas para a indústria, o que torna difícil reduzir as importações no atual estágio de crescimento da economia", avaliou Barral.

Commodities
Se por um lado ajuda as contas externas e melhora o desempenho do Brasil no exterior, o forte aumento das exportações atrelado a preços de alimentos acende um sinal de alerta. Isso porque as commodities vêm caindo de preço no mercado internacional.
Segundo o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, ainda não é possível saber se a queda nas cotações vai afetar as exportações brasileiras neste ano.
"Todas as commodities, sem exceção, tiveram aumento de preços, inclusive suco de laranja e açúcar, que tinham apresentado queda nas últimas duas semanas", afirmou.
Outro fator de preocupação, apontado em nota divulgada pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), é a forte dependência do país de produtos básicos, cujos preços são mais sujeitos às oscilações do mercado.
"O fato grave que os dados de julho evidenciam é o grande retrocesso das exportações de manufaturados no contexto das exportações totais brasileiras. Considerando os valores por dia útil, as vendas externas totais aumentaram 38,6% em julho em relação a julho de 2007, mas as exportações de manufaturados cresceram somente 16,9%", diz a nota.


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