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INVESTIMENTOS
Rentabilidade de 15 a 28 de agosto supera a do Certificado de Depósito Bancário; para analista, lucro extra está no fim
Fundos DI e renda fixa ganham do CDI
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fundos DI e de renda fixa estão rendendo mais do que o CDI
(Certificado de Depósito Interbancário). Entre os dias 15 e 28 de
agosto, os fundos DI renderam
0,77%, e os renda fixa, 0,94%, enquanto o CDI variou 0,654%, conforme dados do site Fortuna. Isso
equivale a dizer que, nesse período, os fundos DI apresentaram
retorno equivalente a 117,74% do
CDI, e os renda fixa, de 143,73%.
O CDI é um título negociado
diariamente pelos bancos e utilizado como parâmetro de rentabilidade para os fundos DI e de renda fixa. Seu desempenho costuma
girar em torno da taxa básica de
juros da economia (Selic), que hoje está em 18% ao ano. Em tempos
de normalidade, um fundo DI,
bem administrado e com baixa
taxa de administração, costuma
render de 97% a 99% do CDI.
A alta no rendimento dos fundos está acontecendo em razão
dos leilões que o Banco Central
vem fazendo de recompra e troca
dos títulos públicos que compõem a carteira dos fundos. Devido à crise no mercado financeiro e
ao temor de um calote na dívida
pública, os títulos não estavam
encontrando comprador e o preço deles estava se desvalorizando
e refletindo negativamente na cota dos fundos.
Os leilões começaram no dia 16
de agosto, e a sua principal função
tem sido a de facilitar a comercialização dos títulos públicos e, consequentemente, melhorar a sua
cotação no mercado secundário e
a rentabilidade dos fundos.
Além dos leilões, o Banco Central também anunciou no dia 14
de agosto que os fundos não precisam mais contabilizar os títulos
com prazo de até um ano pelo valor de mercado. Apesar de a obrigatoriedade da marcação a mercado, anunciada em 29 de maio,
ter causado várias perdas para os
fundos, quase nenhum administrador de fundo voltou atrás na
decisão de marcar a mercado.
A opinião deles é que se trata de
um instrumento transparente de
gestão e que a causa das perdas registradas nos fundos, principalmente no fim de maio, devem-se
à queda dos preços dos títulos, e
não à marcação em si.
Outro fator que contribuiu para
os ganhos dos fundos de renda fixa nos últimos dias, observa Marcelo D'Agosto, diretor do site Fortuna, foi a queda verificada nas
projeções dos mercados futuros
de juros. Em 15 de agosto, por
exemplo, os contratos de juros referentes ao mês de janeiro de 2003
projetavam um juro de 22,70% ao
ano. Na sexta-feira, esse mesmo
contrato mostrava uma taxa de
19,76% ao ano. Sempre que os juros no mercado futuro caem, os
fundos de renda fixa tendem a ser
beneficiados.
William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças, da Fundação Getúlio Vargas, diz acreditar que os ganhos
dos fundos em relação ao CDI devem estar chegando ao fim. Isso
porque os ajustes nos preços dos
títulos, que começaram a acontecer com os leilões, já foram expressivos. A cotação já está chegando a um ponto de equilíbrio.
Com isso, os fundos devem voltar
a apresentar rentabilidade compatível com suas médias históricas em relação ao CDI.
"As últimas medidas do BC, como os leilões, são tranquilizadoras. Mostram que a instituição está atenta aos fundos e que não deixará que novas turbulências os
prejudiquem. O governo precisa
dos fundos para se financiar."
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