São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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INVESTIMENTOS

Rentabilidade de 15 a 28 de agosto supera a do Certificado de Depósito Bancário; para analista, lucro extra está no fim

Fundos DI e renda fixa ganham do CDI

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos DI e de renda fixa estão rendendo mais do que o CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Entre os dias 15 e 28 de agosto, os fundos DI renderam 0,77%, e os renda fixa, 0,94%, enquanto o CDI variou 0,654%, conforme dados do site Fortuna. Isso equivale a dizer que, nesse período, os fundos DI apresentaram retorno equivalente a 117,74% do CDI, e os renda fixa, de 143,73%.
O CDI é um título negociado diariamente pelos bancos e utilizado como parâmetro de rentabilidade para os fundos DI e de renda fixa. Seu desempenho costuma girar em torno da taxa básica de juros da economia (Selic), que hoje está em 18% ao ano. Em tempos de normalidade, um fundo DI, bem administrado e com baixa taxa de administração, costuma render de 97% a 99% do CDI.
A alta no rendimento dos fundos está acontecendo em razão dos leilões que o Banco Central vem fazendo de recompra e troca dos títulos públicos que compõem a carteira dos fundos. Devido à crise no mercado financeiro e ao temor de um calote na dívida pública, os títulos não estavam encontrando comprador e o preço deles estava se desvalorizando e refletindo negativamente na cota dos fundos.
Os leilões começaram no dia 16 de agosto, e a sua principal função tem sido a de facilitar a comercialização dos títulos públicos e, consequentemente, melhorar a sua cotação no mercado secundário e a rentabilidade dos fundos.
Além dos leilões, o Banco Central também anunciou no dia 14 de agosto que os fundos não precisam mais contabilizar os títulos com prazo de até um ano pelo valor de mercado. Apesar de a obrigatoriedade da marcação a mercado, anunciada em 29 de maio, ter causado várias perdas para os fundos, quase nenhum administrador de fundo voltou atrás na decisão de marcar a mercado.
A opinião deles é que se trata de um instrumento transparente de gestão e que a causa das perdas registradas nos fundos, principalmente no fim de maio, devem-se à queda dos preços dos títulos, e não à marcação em si.
Outro fator que contribuiu para os ganhos dos fundos de renda fixa nos últimos dias, observa Marcelo D'Agosto, diretor do site Fortuna, foi a queda verificada nas projeções dos mercados futuros de juros. Em 15 de agosto, por exemplo, os contratos de juros referentes ao mês de janeiro de 2003 projetavam um juro de 22,70% ao ano. Na sexta-feira, esse mesmo contrato mostrava uma taxa de 19,76% ao ano. Sempre que os juros no mercado futuro caem, os fundos de renda fixa tendem a ser beneficiados.
William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças, da Fundação Getúlio Vargas, diz acreditar que os ganhos dos fundos em relação ao CDI devem estar chegando ao fim. Isso porque os ajustes nos preços dos títulos, que começaram a acontecer com os leilões, já foram expressivos. A cotação já está chegando a um ponto de equilíbrio. Com isso, os fundos devem voltar a apresentar rentabilidade compatível com suas médias históricas em relação ao CDI.
"As últimas medidas do BC, como os leilões, são tranquilizadoras. Mostram que a instituição está atenta aos fundos e que não deixará que novas turbulências os prejudiquem. O governo precisa dos fundos para se financiar."



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