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MERCADO FINANCEIRO
Bancos e corretoras prevêem queda no risco-país e na moeda dos EUA; corte nos juros não é descartado
Para analistas, dólar cai com alta de Serra
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Dólar e risco-país em queda e
Bolsa em alta. Essa é a expectativa
de analistas ouvidos pela Folha
para a reabertura dos negócios
hoje, dia de virada de índice na
Bovespa. O empate técnico entre
os candidatos à Presidência Ciro
Gomes (PPS) e José Serra (PSDB),
apontado pela pesquisa do Datafolha publicada ontem, deve dar
otimismo ao mercado, segundo
executivos de bancos e corretoras.
O novo índice da Bovespa e a
possibilidade de o Banco Central
usar o viés de baixa para reduzir a
taxa básica de juros também devem movimentar o mercado.
Ciro perdeu seis pontos percentuais e está com 20% das intenções de voto, contra 19% de Serra.
O tucano subiu sete pontos percentuais em relação à última pesquisa, realizada há duas semanas.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
manteve 37% das intenções de
voto e segue líder da disputa. Anthony Garotinho (PSB) tem 10%.
Segundo analistas, há espaço
para melhora do cenário, porque
investidores teriam reagido com
certa cautela à melhora do desempenho do candidato governista,
revelada no início da semana passada por sondagens dos institutos
Ibope e Vox Populi.
"O crescimento de Serra ainda
não entrou totalmente nos preços. Estavam num patamar que
não refletia a diferença de quatro
pontos percentuais que havia entre ele e Ciro", diz Beto Scretas, da
Schroeder Brasil.
O tucano é o candidato preferido pelo mercado por ser considerado o de maior credibilidade
com investidores estrangeiros.
"O empate entre os dois candidatos aumenta a zeração da posição vendida em Brasil, e isso pode
levar a um patamar bem melhor",
afirma Pedro Thomazoni, do
Lloyds TSB.
Analistas afirmam que é grande
o número de investidores vendidos (que apostam na queda) em
títulos da dívida brasileira e em
moeda (vendidos em real e comprados em dólar).
Viés
A perspectiva de queda do câmbio aumenta a possibilidade do
uso do viés de baixa, anunciado
pelo Banco Central na reunião do
Copom (Comitê de Política Monetária) no último dia 20.
"Se o dólar ficar abaixo de R$ 3,
por dois ou três dias, é possível
que o Banco Central use o viés. E o
que faz o dólar cair é o Serra subir", diz Thomazoni.
Economistas dizem que esta seria a última semana para o BC
usar o instrumento, em razão da
proximidade da próxima reunião.
Na quarta-feira, sai o IPC da Fipe. A expectativa é de 1,05%. O
anterior foi de 0,67%. Apesar da
má notícia, "embora esperada",
de alta do IGP-M (para 2,32%),
analistas dizem que o dólar preocupa mais que a inflação. Com a
nova meta, ela pode chegar a 9%.
"Boa parte da inflação é causada
pela alta do câmbio. O mais importante para o BC é a queda e a
diminuição da volatilidade do dólar", afirma um economista.
Ibovespa
Net e Embratel crescem
292,30% e 64,37%, respectivamente, em participação na nova
carteira do Ibovespa, segundo a
ultima prévia do índice que vigora
de hoje a dezembro, com 56
ações. "O risco é haver forte pressão compradora por esses papéis,
os preços cederem e macularem a
melhora do Ibovespa, decorrente
do resultado da pesquisa", diz
Scretas. Juntas, representam
7,818% do índice. Se caírem 10%,
comprometem o pregão.
"Net tem quase o peso da Vale
do Rio Doce: 2,246%, contra
2,884%. Mas a primeira vale R$
400 milhões na Bolsa, e a segunda,
R$ 40 bilhões, além de negociar
volume maior nos pregões", afirma Scretas.
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