São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Bancos e corretoras prevêem queda no risco-país e na moeda dos EUA; corte nos juros não é descartado

Para analistas, dólar cai com alta de Serra

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Dólar e risco-país em queda e Bolsa em alta. Essa é a expectativa de analistas ouvidos pela Folha para a reabertura dos negócios hoje, dia de virada de índice na Bovespa. O empate técnico entre os candidatos à Presidência Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB), apontado pela pesquisa do Datafolha publicada ontem, deve dar otimismo ao mercado, segundo executivos de bancos e corretoras.
O novo índice da Bovespa e a possibilidade de o Banco Central usar o viés de baixa para reduzir a taxa básica de juros também devem movimentar o mercado.
Ciro perdeu seis pontos percentuais e está com 20% das intenções de voto, contra 19% de Serra. O tucano subiu sete pontos percentuais em relação à última pesquisa, realizada há duas semanas.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve 37% das intenções de voto e segue líder da disputa. Anthony Garotinho (PSB) tem 10%.
Segundo analistas, há espaço para melhora do cenário, porque investidores teriam reagido com certa cautela à melhora do desempenho do candidato governista, revelada no início da semana passada por sondagens dos institutos Ibope e Vox Populi.
"O crescimento de Serra ainda não entrou totalmente nos preços. Estavam num patamar que não refletia a diferença de quatro pontos percentuais que havia entre ele e Ciro", diz Beto Scretas, da Schroeder Brasil.
O tucano é o candidato preferido pelo mercado por ser considerado o de maior credibilidade com investidores estrangeiros.
"O empate entre os dois candidatos aumenta a zeração da posição vendida em Brasil, e isso pode levar a um patamar bem melhor", afirma Pedro Thomazoni, do Lloyds TSB.
Analistas afirmam que é grande o número de investidores vendidos (que apostam na queda) em títulos da dívida brasileira e em moeda (vendidos em real e comprados em dólar).

Viés
A perspectiva de queda do câmbio aumenta a possibilidade do uso do viés de baixa, anunciado pelo Banco Central na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) no último dia 20.
"Se o dólar ficar abaixo de R$ 3, por dois ou três dias, é possível que o Banco Central use o viés. E o que faz o dólar cair é o Serra subir", diz Thomazoni.
Economistas dizem que esta seria a última semana para o BC usar o instrumento, em razão da proximidade da próxima reunião.
Na quarta-feira, sai o IPC da Fipe. A expectativa é de 1,05%. O anterior foi de 0,67%. Apesar da má notícia, "embora esperada", de alta do IGP-M (para 2,32%), analistas dizem que o dólar preocupa mais que a inflação. Com a nova meta, ela pode chegar a 9%.
"Boa parte da inflação é causada pela alta do câmbio. O mais importante para o BC é a queda e a diminuição da volatilidade do dólar", afirma um economista.

Ibovespa
Net e Embratel crescem 292,30% e 64,37%, respectivamente, em participação na nova carteira do Ibovespa, segundo a ultima prévia do índice que vigora de hoje a dezembro, com 56 ações. "O risco é haver forte pressão compradora por esses papéis, os preços cederem e macularem a melhora do Ibovespa, decorrente do resultado da pesquisa", diz Scretas. Juntas, representam 7,818% do índice. Se caírem 10%, comprometem o pregão.
"Net tem quase o peso da Vale do Rio Doce: 2,246%, contra 2,884%. Mas a primeira vale R$ 400 milhões na Bolsa, e a segunda, R$ 40 bilhões, além de negociar volume maior nos pregões", afirma Scretas.



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