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Projeto deve liberar novo uso do FGTS em ações da Petrobras
Autorização, que tem aval do Planalto, valerá para trabalhadores que usaram dinheiro do fundo em 2000 e investiram na estatal
Com a medida, minoritários poderão evitar que a sua participação não fique diluída após o aumento de capital do governo na empresa
VALDO CRUZ
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Lula deve autorizar o uso do FGTS na operação de capitalização da Petrobras no caso dos acionistas que,
em 2000, compraram ações da
estatal utilizando recursos depositados no fundo.
A autorização deve ser incluída pelo PMDB no projeto de lei
que trata do tema, enviado anteontem ao Congresso. As regras desse uso ainda serão negociadas pela base aliada com o
Planalto. Segundo a Folha apurou, a proposta tem o sinal verde do Planalto, mas ainda não
foi discutida tecnicamente pela
equipe que elaborou o novo
marco regulatório do petróleo.
O líder do PMDB na Câmara,
deputado Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN), disse que
"não se pode proibir os trabalhadores que investiram seu
FGTS para comprar ações de
usar o fundo para acompanhar
o aumento de capital que o governo fará na Petrobras".
Pela legislação, os acionistas
minoritários têm direito de aumentar sua participação no capital da estatal na mesma proporção do governo federal.
O peemedebista disse, porém, que vai discutir com o governo se há necessidade de estabelecer um limite para o uso
do fundo. "Não vamos desfalcar o fundo. Se for necessário,
criaremos um limite, de R$
5.000, R$ 10 mil."
Na equipe econômica ainda
há dúvidas legais se é possível
fazer uma lei incluindo apenas
uma parte dos trabalhadores
que têm dinheiro no FGTS. Isso porque a possibilidade de
acompanhar a operação valerá
apenas para quem comprou
ações da empresa no passado e
ainda mantém o investimento.
Prejuízo
Nesse caso, a autorização para que os trabalhadores acompanhem o aumento de capital
do governo é necessária porque, sem isso, quem usou o
FGTS para adquirir ações da
empresa, em 2000, pode sair
perdendo caso não tenha como
dispor de recursos próprios.
Se o trabalhador não colocar
mais dinheiro para aumentar a
sua participação individual, ele
terá suas receitas diluídas. Na
prática, isso significa que ele terá direito a uma parcela menor
dos ganhos esperados com as
novas reservas do pré-sal.
Mas esse não é o único problema apontado por especialistas. A fórmula anunciada pelo
governo para calcular o aporte
que o Tesouro fará na empresa
-a partir de uma estimativa do
valor do barril do petróleo que
será extraído das novas reservas- é outro fator de risco para
os trabalhadores.
Isso porque, o trabalhador
estará pagando à vista, em dinheiro vivo, por uma participação maior numa empresa que
supostamente terá um aumento considerável de ativos com
os barris que serão extraídos da
reserva do pré-sal.
Só que o valor desse ativo estimado hoje poderá ou não se
confirmar no futuro. "Está sendo proposto um aumento de capital com o barril a um preço
que não se sabe se será confirmado", diz Edson Garcia, superintendente da Associação de
Investidores do Mercado de
Capitais (Amec).
Em 2000, estimulados pelo
governo, 312.194 trabalhadores
usaram recursos do FGTS para
comprar ações da Petrobras
por meio de Fundos Mútuos de
Privatização (FMP-FGTS).
No total, esses investidores
aplicaram R$ 1,611 bilhão, em
valores da época.
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