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Governadores do Nordeste se unem por royalties
RANIER BRAGON
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A disputa entre Estados e
municípios pelo dinheiro resultante da exploração da camada pré-sal ganhou ontem
mais um capítulo. Insatisfeitos
com o fato de o governo ter
mantido provisoriamente as
regras atuais, favoráveis a Estados produtores como o Rio, os
governadores do Nordeste vão
se reunir ainda neste mês para
pressionar pela distribuição
equitativa dos recursos.
No Congresso, a oposição
também anunciou ontem a estratégia de tentar obstruir as
votações nas comissões e no
plenário da Câmara para derrubar a decisão do presidente Lula de atribuir caráter de urgência aos projetos -o que força
uma votação completa nas duas
Casas em até 90 dias.
A Secretaria Geral da Mesa
da Câmara concluiu que haverá
necessidade de criar quatro comissões especiais, uma para cada projeto. Dessa forma, haverá
quatro relatores.
Nordeste
O principal alvo dos governadores é o Congresso, onde o
Nordeste tem representação
significativa: a maior bancada
no Senado (33%) e a segunda
maior na Câmara (29%, atrás
apenas do Sudeste, com 35%).
"O pré-sal é uma grande
oportunidade para o país como
um todo, não só para uma parte. Concordo que sejam mantidas as regras para o que é explorado hoje. Mas defender que a
partilha continue como está
para o que vem pela frente é um
discurso da Pré-História, da
Idade da Pedra", afirmou o governador Eduardo Campos
(PSB), de Pernambuco.
Segundo ele, o Congresso vai
aprovar a divisão equitativa:
"Com certeza [os Estados que
defendem o atual modelo], eles
serão derrotados".
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), disse que a
proposta dos governadores da
região irá além e defenderá um
tratamento privilegiado aos Estados mais pobres. "Não podemos permitir um modelo concentrador", afirmou ele, acrescentando que os governadores
do Nordeste já têm buscado
apoio com colegas das regiões
Norte, Centro-Oeste e Sul.
Por meio de sua assessoria,
Jaques Wagner (PT), da Bahia,
também criticou o modelo
atual. O argumento é que não
há como falar em Estados produtores para campos que estão
a 300 km da costa.
No domingo, o presidente
Lula cedeu às pressões dos governadores de Rio, São Paulo e
Espírito Santo e desistiu de alterar por enquanto a forma de
distribuição dos royalties.
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