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COMÉRCIO
Intenção de compra do paulistano nunca esteve tão baixa, diz pesquisa
Maioria não gastará nada neste Natal
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem a queda na taxa de juros
ajudou, nem o pacotaço do governo para a desova de eletrônicos.
Pesquisa obtida pela Folha -e
que deve ser divulgada hoje pelo
Provar (Programa de Administração de Varejo) da FIA/USP
(Fundação Instituto de Administração)- revela que a intenção de
compra do paulistano nunca esteve em patamar tão baixo. Atingiu
agora o pior resultado desde que o
levantamento começou a ser feito
pela entidade, há quatro anos.
O estudo, com mais de 400 pessoas, mostra que 55,4% dos paulistanos afirmam que não pretendem compra nada de outubro a
dezembro -incluindo, portanto,
o Natal. Em igual período do ano
passado, 27,5% dos consumidores diziam o mesmo.
O "nada" refere-se a bens duráveis e semiduráveis (calçados, eletroeletrônicos, roupas, automóveis, por exemplo), mas não a alimentos, itens de higiene e remédios (bens essenciais).
Até então, o pior índice havia sido registrado em 2000, quando
um entre cada quatro pessoas não
mostrava disposição para gastar.
Realizado na capital paulista, o
levantamento englobou consumidores que recebem salários de
R$ 390 a R$ 1.950 por mês. Ou seja, inclui a chamada classe média
que, segundo critérios do Ibope, é
aquela que ganha acima de quatro
salários mínimos ao mês.
Economistas da entidade informam, no estudo, que eram esperados resultados melhores. Para
Marcos Gouvêa de Souza, sócio-diretor da Gouvêa de Souza MD,
uma mudança nesse cenário pode
ser esperada num curto prazo. "O
consumidor tem agido de forma
extremamente racional, mas com
esse movimento de "limpeza" de
seu nome na praça, com o pagamento de dívidas, ele deve voltar à
loja em dezembro", afirma.
Há cinco trimestres consecutivos há um crescimento no número de pessoas que dizem evitar ir
às compras em São Paulo, Estado
responsável por 40% do volume
de negócios nas áreas de comércio e serviços no país, informa a
Fecomercio SP.
Isso porque, desde outubro de
2002, o percentual de consumidores que não pretende abrir a carteira apenas cresce.
Ao mesmo tempo, quem tem
gastos planejados reduziu as estimativas do total a ser dispensado
na futura compra. No caso de material de construção, no final de
2002 o consumidor pretendia gastar, em média, R$ 4,8 mil. Para este ano, a média caiu: R$ 670.
O mesmo ocorreu com outros
segmentos, como o automobilístico -num momento de colher
resultados com a queda na alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Nesse setor, a intenção de gastos caiu de
R$ 16.438 para R$ 10.346.
No caso dos eletrônicos, também houve redução. Há cerca de
duas semanas, o governo anunciou um pacote de R$ 400 milhões
para estimular vendas no setor.
Mesmo que as previsões de gastos se mostrem discretas, as grandes lojas fazem estimativas de expansão nas vendas. Casas Bahia,
por exemplo, espera aumento de
20% nas vendas no Natal. "É preciso ter cautela. Falar em crescimento real na venda ainda é complicado", diz o consultor Antonio
Ascar.
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