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São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2003

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COMÉRCIO

Intenção de compra do paulistano nunca esteve tão baixa, diz pesquisa

Maioria não gastará nada neste Natal

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem a queda na taxa de juros ajudou, nem o pacotaço do governo para a desova de eletrônicos. Pesquisa obtida pela Folha -e que deve ser divulgada hoje pelo Provar (Programa de Administração de Varejo) da FIA/USP (Fundação Instituto de Administração)- revela que a intenção de compra do paulistano nunca esteve em patamar tão baixo. Atingiu agora o pior resultado desde que o levantamento começou a ser feito pela entidade, há quatro anos.
O estudo, com mais de 400 pessoas, mostra que 55,4% dos paulistanos afirmam que não pretendem compra nada de outubro a dezembro -incluindo, portanto, o Natal. Em igual período do ano passado, 27,5% dos consumidores diziam o mesmo.
O "nada" refere-se a bens duráveis e semiduráveis (calçados, eletroeletrônicos, roupas, automóveis, por exemplo), mas não a alimentos, itens de higiene e remédios (bens essenciais).
Até então, o pior índice havia sido registrado em 2000, quando um entre cada quatro pessoas não mostrava disposição para gastar.
Realizado na capital paulista, o levantamento englobou consumidores que recebem salários de R$ 390 a R$ 1.950 por mês. Ou seja, inclui a chamada classe média que, segundo critérios do Ibope, é aquela que ganha acima de quatro salários mínimos ao mês.
Economistas da entidade informam, no estudo, que eram esperados resultados melhores. Para Marcos Gouvêa de Souza, sócio-diretor da Gouvêa de Souza MD, uma mudança nesse cenário pode ser esperada num curto prazo. "O consumidor tem agido de forma extremamente racional, mas com esse movimento de "limpeza" de seu nome na praça, com o pagamento de dívidas, ele deve voltar à loja em dezembro", afirma.
Há cinco trimestres consecutivos há um crescimento no número de pessoas que dizem evitar ir às compras em São Paulo, Estado responsável por 40% do volume de negócios nas áreas de comércio e serviços no país, informa a Fecomercio SP.
Isso porque, desde outubro de 2002, o percentual de consumidores que não pretende abrir a carteira apenas cresce.
Ao mesmo tempo, quem tem gastos planejados reduziu as estimativas do total a ser dispensado na futura compra. No caso de material de construção, no final de 2002 o consumidor pretendia gastar, em média, R$ 4,8 mil. Para este ano, a média caiu: R$ 670.
O mesmo ocorreu com outros segmentos, como o automobilístico -num momento de colher resultados com a queda na alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Nesse setor, a intenção de gastos caiu de R$ 16.438 para R$ 10.346.
No caso dos eletrônicos, também houve redução. Há cerca de duas semanas, o governo anunciou um pacote de R$ 400 milhões para estimular vendas no setor.
Mesmo que as previsões de gastos se mostrem discretas, as grandes lojas fazem estimativas de expansão nas vendas. Casas Bahia, por exemplo, espera aumento de 20% nas vendas no Natal. "É preciso ter cautela. Falar em crescimento real na venda ainda é complicado", diz o consultor Antonio Ascar.


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