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TRABALHO
No ABC, empresa oferece 20 salários extras em PDV; funcionário pode estudar até surgir vaga pelo Autovisão
Volks propõe licença com salário até 2006
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Volkswagen vai pagar os salários dos funcionários excedentes
da fábrica de São Bernardo do
Campo, no ABC paulista, que recusarem o projeto Autovisão e
optarem por ficar em casa até novembro de 2006. Após esse prazo,
o trabalhador será demitido.
A montadora também ofereceu
novo programa de demissão voluntária aberto aos 14,8 mil empregados da unidade -com o pagamento de 20 salários extras e
40% da remuneração por ano trabalho- e a transferência voluntária para o programa Autovisão.
As três propostas, negociadas
durante 12 horas entre o Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC e o Departamento de Recursos Humanos da Volkswagen, foram apresentadas ontem a 12 mil trabalhadores de São Bernardo e serão votadas em assembléia marcada para amanhã à tarde.
Para os 2.010 excedentes da unidade Taubaté, que têm estabilidade até 2004, a empresa informa
que não há proposta. Uma reunião com os sindicalistas está prevista para amanhã à tarde.
Pagar para ficar em casa foi uma
das formas encontradas pela
Volks para enxugar 1.923 postos
de trabalho na unidade do ABC,
uma vez que os funcionários têm
acordo de estabilidade até 2006.
O funcionário que aceitar essa
opção receberá 37 salários entre
2004 e 2006. Considerando que o
salário médio na unidade do ABC
é de R$ 1.900, significa que o trabalhador receberia cerca de R$ 70
mil, além de benefícios -reajuste
salarial, adicional de férias, participação nos lucros e outros que
forem negociados nesse período.
Os 1.923 excedentes vão entrar
em licença remunerada entre os
dias 6 e 10 de outubro para analisar a proposta. Quem aceitar o
Autovisão será encaminhado para fazer cursos no Centro de Formação a partir do dia 13. Os que
recusarem entram em férias coletivas de 13 de outubro a 11 de novembro. Ao retornarem, eles podem aderir ao Autovisão, optar
pelo voluntariado ou pela licença
remunerada até 2006.
Nesse período, a empresa também abre PDV até 15 de dezembro. Se for considerado o salário
médio na unidade (R$ 1.900) e o
tempo médio de serviço (14 anos),
ao aderir ao voluntariado, o trabalhador receberia R$ 48,6 mil
-fora as verbas rescisórias (Fundo de Garantia, férias, 13º salário,
entre outros).
O PDV, aberto a toda a fábrica,
também vale para os trabalhadores e aposentados que se desligaram da empresa no mês passado.
Em dezembro, a Volks vai fazer
um levantamento para saber o
número de adesões ao centro de
formação e ao PDV. Os empregados que receberam a carta de
transferência para o Autovisão
poderão então optar pela licença
remunerada até 2006.
"Essa proposta foi uma evolução [a propostas anteriores], conseguida após uma exaustiva negociação de três meses", diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo.
A adesão a uma das três opções
da montadora pode ser feita por
qualquer trabalhador -mesmo
por aqueles que não receberam
carta de transferência. "A substituição [dos excedentes] por um
voluntário pode ser feita desde
que haja concordância da empresa", disse Feijóo.
Em fevereiro de 2004, haverá
novo PDV no ABC. O pacote incluirá dez salários e 40% da remuneração por ano trabalhado, além
das verbas rescisórias.
Em nota oficial, a Volks informou que "retomou o processo de
negociações" com os sindicatos
do ABC e de Taubaté em "busca
de soluções conjuntas para atingir
os objetivos de seu plano de redimensionamento no país".
As propostas deixaram os trabalhadores alvoroçados. "Só não
aceita quem for burro", disse o
ferramenteiro Marino Aparecido
Petenússio, 35, 13 anos de fábrica.
"Recebi a carta e devo me inscrever no PDV." Já Pedro Nunes, 45,
há 17 anos na Volks, prefere garantir o emprego. "Não recebi a
carta e não me sinto atraído por
essas opções."
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