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São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2003

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TRABALHO

No ABC, empresa oferece 20 salários extras em PDV; funcionário pode estudar até surgir vaga pelo Autovisão

Volks propõe licença com salário até 2006

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Volkswagen vai pagar os salários dos funcionários excedentes da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que recusarem o projeto Autovisão e optarem por ficar em casa até novembro de 2006. Após esse prazo, o trabalhador será demitido.
A montadora também ofereceu novo programa de demissão voluntária aberto aos 14,8 mil empregados da unidade -com o pagamento de 20 salários extras e 40% da remuneração por ano trabalho- e a transferência voluntária para o programa Autovisão.
As três propostas, negociadas durante 12 horas entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Departamento de Recursos Humanos da Volkswagen, foram apresentadas ontem a 12 mil trabalhadores de São Bernardo e serão votadas em assembléia marcada para amanhã à tarde.
Para os 2.010 excedentes da unidade Taubaté, que têm estabilidade até 2004, a empresa informa que não há proposta. Uma reunião com os sindicalistas está prevista para amanhã à tarde.
Pagar para ficar em casa foi uma das formas encontradas pela Volks para enxugar 1.923 postos de trabalho na unidade do ABC, uma vez que os funcionários têm acordo de estabilidade até 2006.
O funcionário que aceitar essa opção receberá 37 salários entre 2004 e 2006. Considerando que o salário médio na unidade do ABC é de R$ 1.900, significa que o trabalhador receberia cerca de R$ 70 mil, além de benefícios -reajuste salarial, adicional de férias, participação nos lucros e outros que forem negociados nesse período.
Os 1.923 excedentes vão entrar em licença remunerada entre os dias 6 e 10 de outubro para analisar a proposta. Quem aceitar o Autovisão será encaminhado para fazer cursos no Centro de Formação a partir do dia 13. Os que recusarem entram em férias coletivas de 13 de outubro a 11 de novembro. Ao retornarem, eles podem aderir ao Autovisão, optar pelo voluntariado ou pela licença remunerada até 2006.
Nesse período, a empresa também abre PDV até 15 de dezembro. Se for considerado o salário médio na unidade (R$ 1.900) e o tempo médio de serviço (14 anos), ao aderir ao voluntariado, o trabalhador receberia R$ 48,6 mil -fora as verbas rescisórias (Fundo de Garantia, férias, 13º salário, entre outros).
O PDV, aberto a toda a fábrica, também vale para os trabalhadores e aposentados que se desligaram da empresa no mês passado.
Em dezembro, a Volks vai fazer um levantamento para saber o número de adesões ao centro de formação e ao PDV. Os empregados que receberam a carta de transferência para o Autovisão poderão então optar pela licença remunerada até 2006.
"Essa proposta foi uma evolução [a propostas anteriores], conseguida após uma exaustiva negociação de três meses", diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo.
A adesão a uma das três opções da montadora pode ser feita por qualquer trabalhador -mesmo por aqueles que não receberam carta de transferência. "A substituição [dos excedentes] por um voluntário pode ser feita desde que haja concordância da empresa", disse Feijóo.
Em fevereiro de 2004, haverá novo PDV no ABC. O pacote incluirá dez salários e 40% da remuneração por ano trabalhado, além das verbas rescisórias.
Em nota oficial, a Volks informou que "retomou o processo de negociações" com os sindicatos do ABC e de Taubaté em "busca de soluções conjuntas para atingir os objetivos de seu plano de redimensionamento no país".
As propostas deixaram os trabalhadores alvoroçados. "Só não aceita quem for burro", disse o ferramenteiro Marino Aparecido Petenússio, 35, 13 anos de fábrica. "Recebi a carta e devo me inscrever no PDV." Já Pedro Nunes, 45, há 17 anos na Volks, prefere garantir o emprego. "Não recebi a carta e não me sinto atraído por essas opções."


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