São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004

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MUDANÇA

País reafirma em Washington intenção de liberar o yuan, mas não cita prazo

China diz que deixará câmbio fixo

DA REDAÇÃO

O governo chinês reafirmou ontem a intenção de trabalhar para abandonar o regime de câmbio fixo, após reunião com autoridades americanas em Washington.
O país disse que continuará a "avançar com firmeza e persistência para um regime de câmbio flexível que seja baseado nos princípios do mercado", segundo um comunicado conjunto de China e EUA divulgado horas antes da reunião do G7 na cidade.
Não foi, porém, mencionado um prazo ou um cronograma para a mudança no câmbio.
A nota foi divulgada após encontro, no dia anterior, em Washington, das principais autoridades financeiras dos dois países, entre eles Alan Greenspan e Zhou Xiachuan, presidentes dos bancos centrais dos EUA e da China.
A manutenção na China, há mais de dez anos, de um câmbio fixo do yuan em relação ao dólar é apontada pela Casa Branca como um fator que explica a competitividade dos produtos chineses nos EUA e, consequëntemente, o desequilíbrio na balança comercial.
O déficit comercial americano com a China foi o maior da história em julho e chegou a US$ 14,9 bilhões, ou 29,7% do rombo de US$ 50,1 bilhões nesse mês.
A questão preocupa os analistas porque pode afetar o desempenho da economia mundial e envolve dois dos "motores" do atual momento de expansão.
Os EUA têm acumulado crescentes déficits nas contas externa e interna, o que suscita dúvidas sobre a sustentabilidade dos rombos. A situação pode levar à desvalorização do dólar e a uma alta dos juros americanos, afetando toda a economia mundial. O país tem conseguido se financiar graças ao apetite de asiáticos pelos papéis americanos.
Ao mesmo, chineses e japoneses aumentam suas reservas em moeda estrangeira e se protegem de eventuais instabilidades. Eles também se beneficiam porque esse dinheiro "emprestado" serve para sustentar o consumo americano por seus produtos.
Analistas dizem que o câmbio fixo e o volume maior de reservas em moeda estrangeira ajudaram a estabilizar a economia chinesa.
Nos EUA, a questão ganhou contornos eleitorais. O candidato democrata à eleição, John Kerry, afirma que George W. Bush (atual presidente e candidato à reeleição) não foi duro o suficiente com a China, o que teria resultado na perda de empregos ao país.


Com agências internacionais

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