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Banco brasileiro tem ganho maior na AL
Setor tem retorno projetado de 53,1% para 2007, mais que o dobro do de bancos mexicanos, diz estudo do Bear Stearns
JP Morgan considera positiva a perspectiva para banco brasileiro; segundo relatório, setor se beneficia de taxas comparativamente altas
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Bancos brasileiros têm uma
expectativa de retorno bem
maior que instituições financeiras no México, no Chile e na
Colômbia, segundo analistas
estrangeiros.
Um estudo do Bear Stearns
estima para o final do ano que
vem um retorno total de 53,1%
do setor bancário brasileiro,
mais que o dobro do projetado
para o setor bancário mexicano, que é de 24,1%.
A comparação com outros
países latino-americanos é
vantajosa para o Brasil: a projeção para bancos na Colômbia é
de 27,8%, e no Chile, o retorno
esperado é de 12,1%.
O interesse de investidores
estrangeiros no setor é uma boa
notícia para a Bolsa em tempos
de muita incerteza em relação a
commodities.
"Quando virar o ano, e olharem para as commodities, investidores verão com a comparação que as perspectivas para
os bancos são muito boas", diz
Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor de pesquisa da Planner.
O relatório do Bear Stearns
considera em sua análise os
três maiores bancos privados
brasileiros, Bradesco, Itaú e
Unibanco. A Argentina não entrou no estudo.
Outro banco estrangeiro, o
JP Morgan, considera positiva
a perspectiva para bancos brasileiros. O setor, de acordo com
relatório divulgado na semana
passada, tem "fortes fundamentos" e "se beneficia de taxas comparativamente altas".
Com relação a riscos para os
lucros dos bancos no Brasil, o
JP inclui "revés no atual ciclo
de redução de juros, deterioração na qualidade dos ativos e
competição mais agressiva".
Bancos brasileiros
Embora os dois principais
bancos privados brasileiros,
Bradesco e Itaú, tenham projeções de lucros bem semelhantes, o segundo é levemente beneficiado pela análise de alguns
analistas. Um exemplo, na projeção do ROE ("Return on
Equity", rentabilidade sobre o
patrimônio), o Itaú tem 33% e o
Bradesco, 32%, segundo o cálculo do Bear Stearns.
Para analistas, o banco tem
um histórico de rentabilidade
maior, se considerado período
mais longo, a partir de 2001.
"O Itaú tem um ROE mais
elevado porque é um banco
mais rentável, daí os múltiplos
serem maiores. Nos últimos
dois anos, com a rentabilidade
do Bradesco se aproximando
da do Itaú, a diferença entre os
múltiplos vem se estreitando",
diz um dos autores do relatório,
Paulo Ribeiro, analista para o
setor na América Latina.
"O Bradesco deu um salto de
rentabilidade e colhe frutos do
investimento pesado feito na
concessão de crédito", diz Rafaela Quintanilha, da corretora
Ágora, que faz projeções muito
próximas às do banco estrangeiro para os líderes do setor
bancário privado no Brasil.
O estudo do Bear Stearns salienta que há desconto de 10%
nos números projetados para o
Unibanco pelo fato de a instituição não dar aos detentores
de ações preferenciais do banco
"tag along" -extensão do prêmio de controle a minoritários.
A taxa de desconto pelo risco
soberano usada pelo Bear
Stearns para cálculo de projeções de bancos no Brasil é
maior que a empregada a instituições da Colômbia, o dobro
da do México e três vezes a do
Chile. O prêmio de risco soberano para o Brasil é 3%, para a
Colômbia, 2%, para o México,
1,5% e, para o Chile, 1%.
"Há uma relação desse desconto com o risco-país. O do
Brasil ainda é maior que o dos
outros países mencionados",
lembra Vaz das Neves.
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