São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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Banco brasileiro tem ganho maior na AL

Setor tem retorno projetado de 53,1% para 2007, mais que o dobro do de bancos mexicanos, diz estudo do Bear Stearns

JP Morgan considera positiva a perspectiva para banco brasileiro; segundo relatório, setor se beneficia de taxas comparativamente altas

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Bancos brasileiros têm uma expectativa de retorno bem maior que instituições financeiras no México, no Chile e na Colômbia, segundo analistas estrangeiros.
Um estudo do Bear Stearns estima para o final do ano que vem um retorno total de 53,1% do setor bancário brasileiro, mais que o dobro do projetado para o setor bancário mexicano, que é de 24,1%.
A comparação com outros países latino-americanos é vantajosa para o Brasil: a projeção para bancos na Colômbia é de 27,8%, e no Chile, o retorno esperado é de 12,1%.
O interesse de investidores estrangeiros no setor é uma boa notícia para a Bolsa em tempos de muita incerteza em relação a commodities.
"Quando virar o ano, e olharem para as commodities, investidores verão com a comparação que as perspectivas para os bancos são muito boas", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor de pesquisa da Planner.
O relatório do Bear Stearns considera em sua análise os três maiores bancos privados brasileiros, Bradesco, Itaú e Unibanco. A Argentina não entrou no estudo.
Outro banco estrangeiro, o JP Morgan, considera positiva a perspectiva para bancos brasileiros. O setor, de acordo com relatório divulgado na semana passada, tem "fortes fundamentos" e "se beneficia de taxas comparativamente altas".
Com relação a riscos para os lucros dos bancos no Brasil, o JP inclui "revés no atual ciclo de redução de juros, deterioração na qualidade dos ativos e competição mais agressiva".

Bancos brasileiros
Embora os dois principais bancos privados brasileiros, Bradesco e Itaú, tenham projeções de lucros bem semelhantes, o segundo é levemente beneficiado pela análise de alguns analistas. Um exemplo, na projeção do ROE ("Return on Equity", rentabilidade sobre o patrimônio), o Itaú tem 33% e o Bradesco, 32%, segundo o cálculo do Bear Stearns.
Para analistas, o banco tem um histórico de rentabilidade maior, se considerado período mais longo, a partir de 2001.
"O Itaú tem um ROE mais elevado porque é um banco mais rentável, daí os múltiplos serem maiores. Nos últimos dois anos, com a rentabilidade do Bradesco se aproximando da do Itaú, a diferença entre os múltiplos vem se estreitando", diz um dos autores do relatório, Paulo Ribeiro, analista para o setor na América Latina.
"O Bradesco deu um salto de rentabilidade e colhe frutos do investimento pesado feito na concessão de crédito", diz Rafaela Quintanilha, da corretora Ágora, que faz projeções muito próximas às do banco estrangeiro para os líderes do setor bancário privado no Brasil.
O estudo do Bear Stearns salienta que há desconto de 10% nos números projetados para o Unibanco pelo fato de a instituição não dar aos detentores de ações preferenciais do banco "tag along" -extensão do prêmio de controle a minoritários.
A taxa de desconto pelo risco soberano usada pelo Bear Stearns para cálculo de projeções de bancos no Brasil é maior que a empregada a instituições da Colômbia, o dobro da do México e três vezes a do Chile. O prêmio de risco soberano para o Brasil é 3%, para a Colômbia, 2%, para o México, 1,5% e, para o Chile, 1%.
"Há uma relação desse desconto com o risco-país. O do Brasil ainda é maior que o dos outros países mencionados", lembra Vaz das Neves.


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