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Agrofolha
Consumo de fertilizantes deve bater recorde no ano
Com safra crescente, expectativa é que 24 milhões de toneladas sejam usadas
Com produtor capitalizado, compra de adubo cresce, apesar de demanda global elevar preços; Conab prevê produtividade melhor
FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO
Com previsão de registrar
números históricos, a safra de
grãos deste ano, associada à explosão na cultura da cana-de-açúcar, deve gerar outro recorde: a venda de fertilizantes, que
a indústria prevê chegar a 24
milhões de toneladas, acima
dos 22,8 milhões obtidos em
2004, último ano considerado
bom para o agronegócio.
E o recorde deve ser batido a
despeito de os preços terem
disparado: estudo da Conab
(Companhia Nacional de Abastecimento) mostra que há alguns insumos cujo valor subiu
mais de 40% neste ano, caso do
sulfato de amônia.
A demanda internacional explica o aumento do preço. "China e Índia, por uma questão de
segurança alimentar, estão
comprando e plantando mais.
E os Estados Unidos devem
passar de exportadores para
importadores de fertilizantes",
afirmou Eduardo Daher, diretor-executivo da Anda (Associação Nacional para Difusão
de Adubos).
Asdrúbal de Carvalho Jacobina, gerente de custos de produção da Conab, afirma que o
produtor deve usar mais fertilizantes nesta safra porque está
mais capitalizado. "Eles vão
usar o pacote tecnológico recomendado, que é a quantidade
de fertilizantes correta, máquinas novas, correção do solo
com o uso de calcário."
E, para Jacobina, esse bom
momento vai resultar num círculo virtuoso: ao usar os recursos agronômicos disponíveis, o
agricultor verá sua produtividade crescer nesta safra.
Mas há quem alerte para excessos. Gedi Sfredo, pesquisador da Embrapa Soja, diz que é
necessário avaliar a quantidade
de nutrientes do solo, pois há
casos em que o agricultor coloca adubo demais, esperando
elevar a produtividade, e o resultado pode não ser significativo (leia texto nesta página).
Daher afirma que um aumento da produção nacional de
fertilizantes para acompanhar
o crescimento da demanda de
janeiro para cá depende de investimentos que só vão ter efeito em cinco a sete anos. Por isso, a elevação da oferta está se
dando muito mais pela importação.
Logística atrapalha
Enquanto a produção nacional cresceu 12% de janeiro a
agosto deste ano em relação ao
mesmo período do ano passado, as importações de fertilizantes subiram 59,4% em igual
base de comparação. No total, a
entrega ao consumidor final
aumentou 44,8% nos oito primeiros meses deste ano.
"A explosão da procura pela
agroenergia aumentou a compra de fertilizantes", afirma Daher. Apesar disso, Jacobina
constata que 65% a 70% da entrega do produto neste ano foi
feita para as culturas anuais
-casos de milho, soja, arroz,
feijão e algodão.
Segundo o gerente da Conab,
os problemas de logística impedem que o consumo dos adubos
seja ainda maior nesta safra. Há
dificuldades no armazenamento do produto e para o transporte. "Poderíamos chegar a 25
milhões de toneladas no ano."
Daher afirma que é mais barato e mais fácil, às vezes, levar
fertilizantes de Marrocos para
Goiás do que de um Estado para outro. "O importado não paga ICMS interestadual, por
exemplo", declara o executivo.
Preços
Como a demanda está aquecida não só no Brasil mas no
mundo todo, os custos dos fertilizantes se elevaram. "A demanda pressiona a matéria-prima nitrogenada, fosfatada e
potássica", disse Daher.
Dados da Conab mostram
que, em julho, os preços dos
fertilizantes químicos estavam
19% superiores aos que eram
cobrados em janeiro. Já a chamada "mistura completa"
-que inclui nitrogênio, fósforo
e potássio, nutrientes importantes para as culturas- estava, em média, 28,7% mais cara
do que no início do ano.
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