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Preços de importados vão subir até 10% neste mês
Alta do dólar tem
impacto nos
custos de TVs,
DVDs, vinhos,
azeites e bacalhau
Associação de eletrônicos
diz que componentes estão
mais caros; para associação
do setor supermercadista,
importadores temem crise
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A alta do dólar já tem impacto no bolso do consumidor.
Produtos eletroeletrônicos, como TVs e DVDs, e alimentos
importados, como vinhos e
azeites, vão custar de 5% a 10%
mais a partir deste mês, segundo a Eletros (associação de fabricantes de eletroeletrônicos)
e a Apas (Associação Paulista
de Supermercados).
"A alta do dólar, de R$ 1,60
para R$ 1,90, em tão pouco
tempo vai ser repassada para os
preços dos eletroeletrônicos,
caso contrário as indústrias vão
ter prejuízo, pois já pagam mais
para trazer componentes ou
produtos prontos do exterior",
afirma Lourival Kiçula, presidente da Eletros. "Os aumentos
de preços, que podem chegar a
10%, vão depender de como vai
ficar a cotação do dólar daqui
para a frente."
A Lojas Cem, rede com 168
lojas, informa que já sente pressão da indústria para elevar entre 5% e 8% os preços dos produtos eletroeletrônicos neste
mês. "Mas acho que eles vão
conseguir elevar os preços no
máximo em 3% porque esse setor é muito competitivo. Há
muita oferta de produtos no
mercado, e tudo indica que,
com a crise nos Estados Unidos, o consumidor aqui também fique com mais receio de
comprar", diz Valdemir Colleone, diretor da Lojas Cem.
A Eletros refez na semana
passada as projeções de vendas
para 2008. Em vez de o setor
crescer 15%, em volume, sobre
2007, deve crescer 12%. "E, dependendo de como ficará o dólar e a crise nos Estados Unidos, podemos rever esse crescimento para menos", diz Kiçula.
A Lojas Cem, que previa faturar 15% a mais neste Natal sobre igual período de 2007, agora prevê aumento de 10%. "Não
deve ser um Natal excepcional,
mas deve ser um Natal bom",
afirma Colleone.
Os supermercados informam que os preços de produtos
importados, como vinhos, azeites, azeitonas e bacalhau, estão
cerca de 10% mais caros a partir
deste mês. "Até mesmo os fornecedores de chocolates estão
querendo subir os preços por
conta da manteiga de cacau,
que é importada", diz Martinho
Paiva, vice-presidente da Apas.
Os importadores, segundo
Paiva, estão assustados, pois
pagaram pelos produtos importados quando o dólar estava
cotado a R$ 1,60. "Agora, para
repor essas mercadorias, vão
ter de pagar quase R$ 2."
Se o dólar ficar cotado a R$ 2,
o que seria uma expectativa
mais pessimista, segundo Paiva, as vendas do setor de supermercados para o Natal devem
crescer cerca de 4% em relação
a igual período do ano passado.
Se ficar entre R$ 1,70 e R$ 2, sobem 6% e, se ficar abaixo de R$
1,70, aumentam 9%.
Caso persista a previsão mais
pessimista (dólar a R$ 2), os
preços de produtos importados
neste fim de ano, segundo estima a Apas, devem subir 20% e
os de produtos nacionais, 5%.
Rodrigo Lanari, gerente da
importadora de vinhos Expand, diz que a alta abrupta do
dólar ainda não resultou em aumento de preços para o consumidor, o que deve acontecer no
ano que vem. "Apesar de cerca
de 60% a 70% dos custos estarem atrelados ao dólar, o repasse para os estoques será lento."
Os preços dos produtos nacionais "acabam pegando carona nos preços dos importados",
segundo Kiçula, da Eletros, já
que também levam componentes importados.
"Esse aumento de preços é
reflexo também da elevação
dos juros e da diminuição dos
prazos de financiamento. Mas é
preciso esperar um pouco mais
para ver a extensão dessa crise
nos Estados Unidos e seus reflexos no mundo", diz Kiçula.
Altamiro Carvalho, assessor
econômico da Fecomercio-SP,
diz que, por enquanto, a federação não mudou sua previsão de
vendas para o Natal -alta entre
3% e 4% na comparação com
dezembro de 2007. "Achamos
que o impacto neste ano será
pequeno porque, apesar de o
crédito estar mais seletivo,
"existe a preocupação em manter o nível de crédito aquecido."
Com RAFAEL BRANDIMARTI,
colaboração para a Folha
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