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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Banco Central não descarta hipótese de baixar compulsório
Nos últimos dias, com a ampliação do aperto generalizado
do crédito no Brasil, as pressões para o Banco Central baixar o compulsório têm aumentado significativamente e a medida até faz parte do elenco de
alternativas que vêm sendo estudadas pelo governo para injetar mais liquidez no mercado.
O BC está monitorando com
lupa o comportamento do crédito no sistema financeiro e
não descarta a possibilidade de
reduzir o compulsório, mas
ainda quer esperar mais um
pouco para não tomar uma medida tão importante como essa
de forma precipitada.
O argumento é que o BC não
pode fazer uma mudança de caráter estrutural no sistema financeiro, que não pode ser revista num prazo curto, tendo
como fundamento o comportamento do mercado em apenas
uma semana.
Se fosse agir com base nos últimos dias, o BC certamente teria baixado o compulsório. As
medidas tomadas recentemente de adiamento da aplicação
do compulsório sobre o leasing
e mesmo a venda de dólar das
reservas não foram suficientes
para atender as necessidades
de liquidez do mercado.
A redução do compulsório
também iria contrariar a política monetária austera adotada
pelo Banco Central nos últimos
meses. Todas as indicações são
que o BC não vai promover
uma mudança de rota, ainda
que, na próxima reunião do Copom, aumente em meio ponto a
taxa básica de juros, em vez do
0,75 das últimas reuniões.
Apesar da desaceleração da
inflação, o que pesa agora é a
desvalorização do câmbio, que
pode ter um impacto sobre a inflação nos próximos meses.
Na verdade, a expectativa do
BC é que, caso seja aprovado, o
pacote do Tesouro americano
de socorro das instituições financeiras promova um alívio
no mercado e possibilite o estabelecimento das linhas de financiamento externo para o
Brasil. Na semana passada,
com a perspectiva de aprovação
do pacote, depois frustrada, as
linhas quase se normalizaram.
O fato, no entanto, é que o desenho do sistema financeiro
mudou bastante com a crise e o
restabelecimento das linhas
externas pode demorar mais do
que se imagina. Instituições financeiras que tinham grandes
linhas de financiamento com o
Brasil, como o bancos Wachovia, comprado pelo Citigroup, e
o Fortis, que foi nacionalizado,
mudaram de mãos e não se sabe como eles irão atuar.
O Banco Central está consciente disso, mas prefere agir
com calma, sem ansiedade. O
Brasil é, até agora, um dos países que menos sofreram com a
crise. A Irlanda praticamente
estatizou todo o seu sistema financeiro, Hong Kong e França
estão lançando um amplo pacote de resgate do setor financeiro, o Reino Unido já vem há
algum tempo socorrendo o setor e o Banco Central Europeu
também adotou um pacote de
socorro dos bancos, numa ação
conjunta com o Fed (o Federal
Reserve, o BC americano).
O Brasil não passou por nada
disso e foi um dos últimos países a enfrentar o problema de
restrição ao crédito. A expectativa do Banco Central é que tão
logo a situação se normalize o
Brasil também seja um dos primeiros a ter as linhas de crédito
externas restabelecidas.
CONTROLE
Na avaliação do ministro
das Comunicações do Japão,
Akira Terasaki, os brasileiros não devem comprar conversores para TV digital agora. "Não faz sentido comprar
enquanto houver transmissão analógica simultânea",
diz o ministro. O melhor, segundo Terasaki, é esperar a
queda de preços dos aparelhos de TV digital.
REMOTO
Terasaki se reuniu ontem
com Hélio Costa. Foi cobrado em relação à implantação
da fábrica de semicondutores, suposta contrapartida à
opção do Brasil pelo padrão
japonês. O ministro japonês
prometeu repassar às indústrias locais as melhorias feitas pelo Brasil em redução
de encargos tributários e de
aprimoramento de RH.
DIETA NO BOLSO
A Danone começou a vender um pacote com seis iogurtes por 1 na França, em
um momento em que a estagnação salarial já ameaça
o consumo, segundo a
Bloomberg. O produto não
tem embalagem de papelão
para reduzir o preço.
INTERNAUTA
Na estréia do Wal-Mart
no comércio eletrônico, o
primeiro pedido fechado, no
dia 30, à 0h48, foi um jogo de
xadrez para PC, por R$
32,26. Houve muita busca
por tecnologia. O produto
mais visitado foi o notebook
com roteador de wireless.
NO COFRE
Barras de ouro
representadas no museu
do Banco da Inglaterra; o
temor da crise global
provocou uma corrida ao
ouro sem precedentes; a
busca frenética tem sido
por barras e moedas com
destino aos cofres e tem
partido de investidores
mais ricos; Jeremy
Charles, presidente da
associação do mercado de
ouro de Londres, nunca viu
tamanha demanda por
ouro físico em toda sua
carreira, segundo o
"Financial Times"
DEBATE
BRASIL RECEBE CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE CRÉDITO NESTE MÊS
O Brasil vai sediar, pela primeira vez , a conferência mundial de informação de crédito sobre o consumidor World
Consumer Credit Reporting Conference. O evento ocorre
entre os dias 19 e 21 no Rio de Janeiro. A Serasa vai receber
a conferência, organizada pelas associações de crédito ACCIS (Europa) e CDIA (Estados Unidos), com apoio da Associação Latino-Americana de Credit Bureaus.
NA BAGAGEM
A Le Postiche diz que
manterá investimentos
em expansão mesmo
com a crise na economia.
A empresa chega a 200
lojas neste ano, e a meta
é abrir 120 unidades até
2012. Segundo a Le Postiche, mesmo que a crise
prejudique o faturamento, há potencial no varejo, principalmente nas
classes B e C e nas regiões em que a marca
não é vendida. "Se o crédito ficar difÍcil, talvez
tenhamos que diminuir
o número de parcelas no
crédito que oferecemos
aos clientes, mas é cedo
para prever as conseqüências da crise", diz
Alessandra Restaino, diretora de marketing.
com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI e HUMBERTO MEDINA
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