São Paulo, sexta-feira, 02 de outubro de 2009

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Acordo para criar gigante petroquímica está próximo

Negócio entre Petrobras, Braskem e Quattor deve ocorrer por troca de ações

Uma das principais acionistas da Quattor, porém, entra na Justiça contra acordo e pode complicar negociações


AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Braskem, Quattor e Petrobras planejam anunciar entre a segunda quinzena deste mês e a primeira quinzena de novembro a megafusão dos ativos petroquímicos numa única companhia. Levado a cabo, será o maior negócio envolvendo grupos industrias no Brasil.
Apesar de bem encaminhada, a operação já corre riscos. Como revela a coluna Mônica Bergamo hoje (leia texto à pág. E2), uma das acionistas da Quattor, Joanita Geyer, entrou ontem com ação na 2ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro contra o negócio.
Se criada, a nova empresa controlará a maior parte da cadeia do plástico no mercado interno, incluídas matérias-primas como o polietileno e o polipropileno, usados numa infinidade de produtos de consumo, de partes e peças para automóveis a utensílios domésticos.
O faturamento líquido consolidado da empresa chegará a R$ 26 bilhões anuais, além da promessa de se criar um grupo petroquímico nacional com planos de expansão internacional e robustez para enfrentar competidores globais.
Em 23 de agosto, Braskem e Quattor emitiram comunicado ao mercado de capitais confirmando negociações para uma "aliança estratégica", embora sem comprometimento de datas ou mesmo de sucesso nas tratativas.
Questionado sobre o andamento das negociações, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse nesta semana que não faria comentários "sobre negócios". A reportagem tentou falar com o principal executivo da Quattor, Frank Geyer, mas não obteve retorno. A Braskem igualmente não comentou as negociações.
O acordo negociado até agora prevê troca de ações entre os grupos, e, ao contrário da expectativa, a Unipar, controladora da Quattor -empresa considerada mais frágil na negociação-, fará parte da nova companhia.
Segundo a Folha apurou, a participação exata de cada grupo ainda não foi definida. Por ora, ainda vale o princípio que norteou a formação dos dois grupos nacionais do setor, a Quattor e a Braskem. Isso significa que a Petrobras manterá a posição de minoritária "relevante" que assumiu no ciclo anterior de consolidação, quando ajudou a Braskem a comprar o Grupo Ipiranga e adquiriu os ativos petroquímicos do Grupo Suzano para consolidá-lo na Quattor.
"O que está acordado é que a Petrobras não terá o controle da nova empresa. O mando permanecerá privado. O papel da Petrobras é um dos pontos que estão em discussão neste momento", explicou uma pessoa perto das negociações. Hoje, a Petrobrás detém 40% da Quattor Participações e 30% da Braskem S.A., empresa controlada pelo grupo Odebrecht. O rumo da conversa indica que a estatal deverá ter essa presença na nova empresa.
A Petrobras é a principal fornecedora de gás natural e nafta, insumos básicos processados nas quatro centrais de processamento espalhadas pelo país, como os polos petroquímicos de Camaçari (BA) e Triunfo (RS) -ambos controlados hoje pela Braskem- e da Quattor Química, ex-Petroquímica União (SP) e RioPol (RJ).

Recursos
O tamanho da operação financeira para a formação da megapetroquímica não está definido, mas, independentemente disso, as cifras já envolvidas para a reorganização do setor num duopólio (Braskem e Quattor) são bilionárias. A Petrobras, que retornou ao setor em 2007, bancou boa parte dos movimentos desde então.
O primeiro, e maior negócio, anunciado em março de 2007, envolveu US$ 4 bilhões. Braskem, Petrobras e Grupo Ultra negociaram a compra do Grupo Ipiranga, numa intrincada operação. A divisão petroquímica da Ipiranga, o que incluía todos os ativos do complexo petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul, foi consolidado na Braskem, empresa controlada pela Odebrecht. Em troca, a Petrobras passou a deter 30% do capital da companhia.
No Sul, sobrou apenas a Petroquímica Triunfo, companhia disputada por Petroquisa (braço petroquímico da Petrobras) e Petroplastic, do empresário Boris Gorentzvaig, decano da petroquímica nacional.
A despeito da disputa, a Braskem assumiu o controle da empresa como parte do acordo com a Petrobras. Há disputas judiciais sobre o assunto ainda em andamento.
O segundo movimento foi a decisão da Petrobras de comprar a Suzano Petroquímica por R$ 2,7 bilhões, valor considerado elevado pelo mercado na ocasião. A meta foi consolidar os ativos da Suzano aos da Unipar. Assim foi criada a Quattor Participações.


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