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CONCORRÊNCIA
Fazenda pretende importar sistema de países ricos para ter análise mais refinada de aumentos e coibir abusos
Governo quer monitorar melhor os preços
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo quer tornar mais sofisticado o processo de monitoramento de preços para combater
cartéis e abusos por parte das empresas. Segundo o secretário de
Acompanhamento Econômico
do Ministério da Fazenda, Helcio
Tokeshi, a intenção é importar
para o Brasil modelos usados em
países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne 30 países desenvolvidos).
"Queremos identificar aqueles
setores em que há aumento muito
grande de margem de lucro e de
rentabilidade sem que haja nenhuma razão legítima", declarou
o secretário à Folha.
Ele acrescenta que os modelos
utilizados nos EUA, Dinamarca e
Reino Unido podem ser adaptados. "Estamos analisando experiências de países da OCDE onde
é feito o monitoramento de mercado, de rentabilidade, de grau de
concentração e de preços de forma mais sofisticada."
Tokeshi acrescenta que a Seae
(Secretaria de Acompanhamento
Econômico) fazia um controle direto de preços. "Só olhava se os
preços estavam subindo muito
em relação à média. Mas, quando
você está numa situação em que
se quer que os mercados sejam
competitivos, é preciso fazer um
monitoramento diferente."
Tokeshi, que assumiu a Seae em
junho, diz que a secretaria passará
a atuar cada vez mais na promoção da concorrência e na formulação de regras para os setores regulados. "Muitas vezes as coisas
acontecem porque as regras que o
Estado tem que impor aos mercados não estão promovendo concorrência suficiente. A Seae está
começando a olhar mais tanto para mercados competitivos como
para os regulados e a pensar: como fazer que o mercado tenha um
nível de concorrência mais alto."
O novo enfoque antecipa as
mudanças que deverão ocorrer
na secretaria quando for aprovado o projeto de lei do novo sistema de defesa da concorrência. Até
o final do ano, o Executivo enviará ao Congresso proposta com o
novo modelo do setor.
A idéia é criar uma autarquia
que congregue o órgão de instrução dos casos de fusão ou de análise de conduta das empresas com
o tribunal administrativo. Hoje, a
instrução é realizada pela Seae e
pela SDE (Secretaria de Direito
Econômico) -subordinada ao
Ministério da Justiça. O Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) -também ligado à Justiça- é o tribunal administrativo que julga os casos.
"O novo Cade vai combinar o
tribunal e o órgão de instrução.
Haverá um balcão só", adianta
Tokeshi. A nova autarquia terá
um diretor-geral, que terá atribuições administrativas. Com as novas regras, a expectativa é que o
sistema possa concentrar mais esforços na análise de conduta das
empresas. "Não só fazendo o trabalho a posteriori, de coibir conduta, mas evitar que haja incentivos para que as empresas sejam
tentadas a formar cartel, fixar preços ou inibir concorrentes", disse.
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