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POLÊMICA
Produtores do PR tentam liberar o plantio a contragosto do governador
Soja transgênica será 20% da safra
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A produção brasileira de soja
transgênica será responsável por
20% da atual safra, a ser colhida
no ano que vem. Pelo menos 12
milhões de toneladas geneticamente modificadas serão produzidas nos campos do país.
A produção de soja da safra
2004-05 foi medida pela Conab
(Companhia Nacional de Abastecimento), no seu primeiro levantamento de intenção de plantio.
Em termos gerais, os 12 milhões
de toneladas de soja transgênica
representam um aumento de
9,8% da participação dos grãos
geneticamente modificados em
relação à safra passada.
Para o Ministério da Agricultura, as exportações da safra de soja
devem bater na casa dos US$ 12
bilhões no ano que vem.
A Faep (Federação da Agricultura do Paraná) iniciou, na semana passada, uma campanha para
a liberação do plantio de transgênicos no Paraná. A ação da entidade é um confronto direto com o
governador do Estado, Roberto
Requião (PMDB), que intensificou a fiscalização para impedir o
plantio da soja geneticamente
modificada.
A campanha, que inclui a coleta
de assinaturas de produtores, é
contra a determinação da medida
provisória 223 que permite que
apenas produtores que assinaram
termo de responsabilidade, na safra passada, possam plantar soja
transgênica nesta safra.
A Faep sustenta que uma decisão do STF (Supremo Tribunal
Federal) suspendeu lei que vetava
plantio, transporte, comercialização e industrialização de soja
transgênica no Estado e que a MP
libera, na prática, só 574 produtores do Paraná para o plantio de
soja modificada. Na safra passada, apenas 574 produtores assinaram termo de responsabilidade.
O governo do Paraná, por meio
da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento, reagiu à decisão
da entidade de classe aumentando o rigor na fiscalização.
No último dia 28, 2.000 sacas de
soja transgênica foram apreendidas em um armazém em Francisco Beltrão (sudoeste do PR). Nos
últimos dez dias, o governo paranaense apreendeu outras 58 toneladas se soja geneticamente modificadas no sudoeste.
O governo Requião tem ainda
lacrado todos os carregamentos
com soja transgênica que transitam pelo Estado para outras unidades da Federação. A maior parte da soja lacrada é formada por
sacas de semente geneticamente
modificada transportadas do Rio
Grande do Sul para Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul.
Royalties
Os agricultores que plantaram
soja transgênica deverão pagar
cerca de R$ 240 milhões para a
Monsanto em royalties pelo emprego das sementes de soja
Round-Up -a semente geneticamente modificada mais comercializada no país.
A empresa, que desenvolveu a
tecnologia das sementes modificadas para serem mais resistentes,
deve cobrar dos agricultores neste
ano R$ 1,20 por saca de 60 kg. O
valor é contestado pelos produtores, que o consideram muito alto.
O preço dos royalties por saca já
teria sido negociado entre a empresa e os agricultores que compraram as sementes de soja da
multinacional há dois anos.
O cálculo não leva em consideração os agricultores que não
compraram as sementes da Monsanto e estão utilizando sementes
resistentes plantadas irregularmente sem ser declaradas. O Ministério da Agricultura não tem
informação sobre quanto pode
haver de soja transgênica não declarada plantada nos Estados do
Sul e do Centro-Oeste brasileiros.
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