São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2007

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Bovespa segue EUA e sofre queda de 1,94%

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após uma alta de 8% em outubro, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) iniciou novembro em território negativo com a expectativa de novos desdobramentos da crise imobiliária americana. No encerramento ontem, o Ibovespa teve baixa de 1,94%, mais uma vez na casa de 64 mil pontos.
A senha para mudança de expectativas partiu de resultados considerados negativos do banco Credit Suisse e do rebaixamento da avaliação das perspectivas de ganhos do Citigroup, maior instituição financeira americana, feita pela consultoria CIBC World Markets.
A visão dos analistas é que ambos os bancos -e o setor financeiro como um todo- continuam ainda expostos a perdas com títulos "subprime" (segunda linha) no mercado imobiliário dos EUA, com potencial de diminuir o apetite das instituições financeiras em conceder mais crédito, motor do consumo do americano.
À tarde, as Bolsas sofreram ainda mais quando o Federal Reserve (BC dos EUA) decidiu colocar US$ 41 bilhões em "cash" para garantir a liquidez nos mercados, a maior injeção de recursos desde 2001, após os atentados de 11 de setembro. A expectativa era que o Fed colocasse US$ 35 bilhões. "Com o dia negativo, a injeção de liquidez do Fed foi recebida com desconfiança. Há o temor de novos desdobramento da crise, que parecia ter ficado para trás em outubro. Os indicadores dos próximos dias serão importantes para definir se há uma reversão da tendência [otimista]", disse Flavio Serrano, da corretora López León.
No Brasil, o mau humor foi acentuado pelo feriado de Finados hoje. Na dúvida, investidores preferem não passar o final de semana prolongado apostando na continuidade de alta dos mercados. "A agenda está carregada de indicadores [hoje] nos EUA. Ninguém quer partir para o feriado com uma posição mais agressiva. Se o mercado externo tiver uma recuperação [hoje] -e há motivos para isso, após uma queda de 2,60% em Nova York-, poderemos abrir na segunda com forte alta", disse Fausto Gouveia, da Alpes.
Para Alexandre Lintz, economista do BNP Paribas, parte do pessimismo ontem se deveu ainda ao fato de o Fed ter sinalizado, no dia anterior, uma possível interrupção nos cortes de juros. Na quarta, o Fed reduziu sua taxa básica de 4,75% para 4,5% ao ano. "Os mercados não reagiram [na quarta] adequadamente ao Fed, que retirou o viés de corte nos juros. É uma notícia ruim para a Bolsa."
Já Elson Teles, da corretora Concórdia, atribui maior peso no pessimismo ontem ao fato de o mercado ter batido sucessivos recordes em outubro. "Novembro começou com cautela pelo excesso de otimismo [em outubro]. Há uma percepção de que os mercados estão muito eufóricos", disse.

Câmbio
No mercado de câmbio, o dólar comercial encerrou a R$ 1,748, iniciando o mês com alta de 0,63%. O Banco Central comprou dólares a R$ 1,7528, ajudando a elevar as cotações.
"Houve uma correção, mas ainda pequena, tanto que o dólar segue rodando abaixo de R$ 1,75. Nenhuma mudança estrutural é vista com potencial de reverter a tendência. As commodities estão em alta, e o fluxo de capital para os emergentes deve continuar crescendo. [A crise em] Agosto foi um teste que mostrou que os emergentes estão firmes em meio às turbulências", disse Lintz.


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