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Bovespa segue EUA e sofre queda de 1,94%
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após uma alta de 8% em outubro, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) iniciou novembro em território negativo
com a expectativa de novos
desdobramentos da crise imobiliária americana. No encerramento ontem, o Ibovespa teve
baixa de 1,94%, mais uma vez
na casa de 64 mil pontos.
A senha para mudança de expectativas partiu de resultados
considerados negativos do banco Credit Suisse e do rebaixamento da avaliação das perspectivas de ganhos do Citigroup, maior instituição financeira americana, feita pela consultoria CIBC World Markets.
A visão dos analistas é que
ambos os bancos -e o setor financeiro como um todo- continuam ainda expostos a perdas
com títulos "subprime" (segunda linha) no mercado imobiliário dos EUA, com potencial de
diminuir o apetite das instituições financeiras em conceder
mais crédito, motor do consumo do americano.
À tarde, as Bolsas sofreram
ainda mais quando o Federal
Reserve (BC dos EUA) decidiu
colocar US$ 41 bilhões em
"cash" para garantir a liquidez
nos mercados, a maior injeção
de recursos desde 2001, após os
atentados de 11 de setembro. A
expectativa era que o Fed colocasse US$ 35 bilhões. "Com o
dia negativo, a injeção de liquidez do Fed foi recebida com
desconfiança. Há o temor de
novos desdobramento da crise,
que parecia ter ficado para trás
em outubro. Os indicadores
dos próximos dias serão importantes para definir se há uma
reversão da tendência [otimista]", disse Flavio Serrano, da
corretora López León.
No Brasil, o mau humor foi
acentuado pelo feriado de Finados hoje. Na dúvida, investidores preferem não passar o final de semana prolongado
apostando na continuidade de
alta dos mercados. "A agenda
está carregada de indicadores
[hoje] nos EUA. Ninguém quer
partir para o feriado com uma
posição mais agressiva. Se o
mercado externo tiver uma recuperação [hoje] -e há motivos para isso, após uma queda
de 2,60% em Nova York-, poderemos abrir na segunda com
forte alta", disse Fausto Gouveia, da Alpes.
Para Alexandre Lintz, economista do BNP Paribas, parte do
pessimismo ontem se deveu
ainda ao fato de o Fed ter sinalizado, no dia anterior, uma possível interrupção nos cortes de
juros. Na quarta, o Fed reduziu
sua taxa básica de 4,75% para
4,5% ao ano. "Os mercados não
reagiram [na quarta] adequadamente ao Fed, que retirou o
viés de corte nos juros. É uma
notícia ruim para a Bolsa."
Já Elson Teles, da corretora
Concórdia, atribui maior peso
no pessimismo ontem ao fato
de o mercado ter batido sucessivos recordes em outubro.
"Novembro começou com cautela pelo excesso de otimismo
[em outubro]. Há uma percepção de que os mercados estão
muito eufóricos", disse.
Câmbio
No mercado de câmbio, o dólar comercial encerrou a R$
1,748, iniciando o mês com alta
de 0,63%. O Banco Central
comprou dólares a R$ 1,7528,
ajudando a elevar as cotações.
"Houve uma correção, mas
ainda pequena, tanto que o dólar segue rodando abaixo de R$
1,75. Nenhuma mudança estrutural é vista com potencial de
reverter a tendência. As commodities estão em alta, e o fluxo
de capital para os emergentes
deve continuar crescendo. [A
crise em] Agosto foi um teste
que mostrou que os emergentes estão firmes em meio às turbulências", disse Lintz.
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