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Políticas expansionistas para o uso de gás natural só a partir de 2010, diz Tolmasquim
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética),
Maurício Tolmasquim, afirmou ontem que o crescimento
da frota de veículos movidos a
GNV (Gás Natural Veicular)
não é sustentável. Segundo ele,
o país só poderá voltar a adotar
políticas expansionistas de uso
do gás a partir de 2010. Tolmasquim criticou as medidas de incentivo ao uso do GNV no Rio
de Janeiro e disse que são "populares, mas irracionais".
Segundo a EPE, a demanda
por gás cresceu em média 14%
ao ano desde 2001. "Isso é insustentável para um recurso
que temos somente parte, ainda precisamos importar. A indústria deve continuar a usar
gás, o problema é a priorização.
O GNV para veículos particulares num país que tem álcool e
exporta gasolina é um contra-senso", disse.
Para o presidente da estatal,
a saída é estimular o uso do gás
nas indústrias com caldeiras bicombustíveis, que poderiam
usar óleo. Uma parcela da indústria, no entanto, como a de
vidros e de cerâmica, não se
adapta a esse modelo.
Para a EPE, o problema de
abastecimento das térmicas é
momentâneo porque o país entra agora no período de chuvas.
"A qualquer momento, pode
ser em uma semana ou duas,
vai mudar essa situação. O reservatório está com 52% da capacidade", disse. Na avaliação
de Tolmasquim, o imbróglio
entre Petrobras e concessionárias de gás foi causado por um
erro das distribuidoras que
passaram a vender de forma regular o que não estava previsto
em contrato.
"As distribuidoras acabaram
fazendo algo que não podiam,
vendendo gás firme, que na
verdade era flexível. Além disso, no Rio há uma política deliberada de fomento ao uso do
GNV como o desconto do IPVA. Isso é muito popular, mas
não é racional. Isso dá voto à
beça", afirmou.
Ele destaca que em 2008 haverá um aumento da oferta de
24 milhões de m3/dia com a entrada de novos projetos, além
do aumento da integração com
novos gasodutos. No Rio, os
carros movidos a gás têm desconto de 75% no IPVA e o gás
conta com um valor menor de
ICMS que em outros Estados.
Segundo Júlio Bueno, secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio, a política do gás
natural no Rio precisa ser reformulada. "A Petrobras induziu o incentivo com um plano
de massificação do gás natural
em 2003", disse.
De acordo com ele, os dados
de 2007 já mostrarão um ritmo
menor de expansão da demanda, com crescimento de 4,5%.
"Estamos fazendo uma política de redução do incentivo
crescente, mas não dá para acabar de uma hora para outra, a
sociedade não funciona assim",
disse. Para o governo do Rio de
Janeiro, o que é subsidiado é o
gás para térmicas.
Para Rosalino Fernandes, do
Comitê de GNV do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo), o
incentivo estava ligado a uma
estratégia de promoção de um
combustível menos poluente.
"O problema é que o Brasil
nunca estabeleceu uma política energética", afirmou.
Segundo o IBP, a frota a gás
no Estado do Rio é de 617.131
veículos, o equivalente a 23,7%
do total de carros. Em São Paulo, os carros a gás somam
363.073 unidades, mas representam 3,37% do total.
"O Brasil é o país dos incentivos. Não tem fundamento acusar o governo do Estado de populismo", afirmou Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/
UFRJ. Segundo ele, a situação
atual é resultado de falta de
planejamento.
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