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Banco entra com o 5º maior pedido de concordata dos EUA
Centenário, CIT Group tem US$ 71 bilhões em ativos e US$ 64,9 bi em dívidas
Processo só está atrás das concordatas de Lehman Brothers, Washington Mutual, WorldCom e GM e foi o segundo maior do ano
Natalie Behring - 31.out.2009/Reuters
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Fachada do banco CIT, em NovaYork; ações do banco despencaram 24% na última sexta-feira
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
O centenário CIT Group, especializado em empréstimos
para o setor comercial, entrou
ontem com pedido de concordata em uma Corte de Nova
York. Foi a quinta maior concordata norte-americana, provocada ainda pelos efeitos da
crise financeira global.
No processo, o governo norte-americano poderá perder
completamente os US$ 2,3 bilhões injetados na instituição
no final de 2008. Seria o primeiro grande golpe nos contribuintes, que financiaram o socorro ao setor financeiro a partir de outubro de 2008.
Entre os principais clientes
do CIT Group constam a rede
Dunkin" Donuts e a produtora
de filmes Dark Castle Entertainment, que usam financiamento da instituição para suas
operações diárias, investimentos ou ampliações.
Mas o principal negócio do
CIT é emprestar dinheiro para
capital de giro a cerca de 1 milhão de pequenos e médios negócios nos Estados Unidos.
A concordata, sempre vista
como uma espécie de "sentença de morte" para empresas
desse ramo, é mais uma notícia
negativa para a economia americana, que atravessa a maior
crise econômica desde a Grande Depressão, nos anos 1930.
No pedido de concordata, o
CIT afirma ter US$ 71 bilhões
em ativos e US$ 64,9 bilhões
em dívidas. Os valores não incluem as subsidiárias do grupo,
que ficarão de fora do processo.
Em comunicado ao mercado,
o CIT anunciou ontem que prevê sair da concordata em dois
meses, e com cerca de US$ 10
bilhões em dívidas a menos. Na
prática, os credores do CIT acabarão ficando com o controle
da instituição financeira.
Os atuais credores já concordaram com os procedimentos a
serem adotados na reestruturação do CIT. Um processo ordenado e rápido é considerado
fundamental para que a empresa sobreviva a partir de 2010.
Mais ajuda
Além da ajuda federal no fim
de 2008, o CIT recebeu cerca
de US$ 3 bilhões em julho de
um pequeno grupo de investidores que queriam manter a
empresa à tona e, mais recentemente, US$ 4,5 bilhões de credores temerosos de que ela
quebrasse.
Como os US$ 2,3 bilhões do
Departamento do Tesouro foram injetados no CIT Group
por meio da compra de "preferred stocks" (ações preferenciais com privilégios no recebimento de dividendos, mas sem
poder de voto), o governo norte-americano será um dos últimos na fila dos credores a receber créditos na concordata.
Na última sexta-feira, as
ações do CIT despencaram
24% na Bolsa; fecharam a US$
0,72, contra US$ 60 em 2007.
Caso os ativos do CIT não sejam suficientes para pagar a todos (o que é o mais provável), os
contribuintes norte-americanos ficarão com o prejuízo.
A expectativa do Tesouro é
que, além do CIT, companhias
que receberam ajuda federal
como a seguradora AIG (American International Group), a
General Motors e a Chrysler
também acabem não tendo como devolver todos os recursos
para o governo.
Outros bancos, como o Goldman Sachs e o Morgan Stanley,
já devolveram, com dividendos,
os bilhões injetados neles também via "preferred stocks".
A concordata do CIT Group
também ocorre em um momento de renovada insegurança entre investidores nos EUA.
Em outubro, pela primeira vez
desde fevereiro, o índice S&P
500 da Bolsa de Nova York fechou em baixa, de 2%.
Embora o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos tenha crescido 3,5% no terceiro trimestre deste ano, quase toda a recuperação esteve
apoiada principalmente em dinheiro estatal -tanto do Fed (o
BC dos Estados Unidos), para
financiar bancos e empresas,
como do Orçamento federal,
por meio de transferências diretas a Estados e gastos com infraestrutura.
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