São Paulo, segunda-feira, 02 de novembro de 2009

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Banco entra com o 5º maior pedido de concordata dos EUA

Centenário, CIT Group tem US$ 71 bilhões em ativos e US$ 64,9 bi em dívidas

Processo só está atrás das concordatas de Lehman Brothers, Washington Mutual, WorldCom e GM e foi o segundo maior do ano

Natalie Behring - 31.out.2009/Reuters
Fachada do banco CIT, em NovaYork; ações do banco despencaram 24% na última sexta-feira

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O centenário CIT Group, especializado em empréstimos para o setor comercial, entrou ontem com pedido de concordata em uma Corte de Nova York. Foi a quinta maior concordata norte-americana, provocada ainda pelos efeitos da crise financeira global.
No processo, o governo norte-americano poderá perder completamente os US$ 2,3 bilhões injetados na instituição no final de 2008. Seria o primeiro grande golpe nos contribuintes, que financiaram o socorro ao setor financeiro a partir de outubro de 2008.
Entre os principais clientes do CIT Group constam a rede Dunkin" Donuts e a produtora de filmes Dark Castle Entertainment, que usam financiamento da instituição para suas operações diárias, investimentos ou ampliações.
Mas o principal negócio do CIT é emprestar dinheiro para capital de giro a cerca de 1 milhão de pequenos e médios negócios nos Estados Unidos.
A concordata, sempre vista como uma espécie de "sentença de morte" para empresas desse ramo, é mais uma notícia negativa para a economia americana, que atravessa a maior crise econômica desde a Grande Depressão, nos anos 1930.
No pedido de concordata, o CIT afirma ter US$ 71 bilhões em ativos e US$ 64,9 bilhões em dívidas. Os valores não incluem as subsidiárias do grupo, que ficarão de fora do processo.
Em comunicado ao mercado, o CIT anunciou ontem que prevê sair da concordata em dois meses, e com cerca de US$ 10 bilhões em dívidas a menos. Na prática, os credores do CIT acabarão ficando com o controle da instituição financeira.
Os atuais credores já concordaram com os procedimentos a serem adotados na reestruturação do CIT. Um processo ordenado e rápido é considerado fundamental para que a empresa sobreviva a partir de 2010.

Mais ajuda
Além da ajuda federal no fim de 2008, o CIT recebeu cerca de US$ 3 bilhões em julho de um pequeno grupo de investidores que queriam manter a empresa à tona e, mais recentemente, US$ 4,5 bilhões de credores temerosos de que ela quebrasse.
Como os US$ 2,3 bilhões do Departamento do Tesouro foram injetados no CIT Group por meio da compra de "preferred stocks" (ações preferenciais com privilégios no recebimento de dividendos, mas sem poder de voto), o governo norte-americano será um dos últimos na fila dos credores a receber créditos na concordata.
Na última sexta-feira, as ações do CIT despencaram 24% na Bolsa; fecharam a US$ 0,72, contra US$ 60 em 2007.
Caso os ativos do CIT não sejam suficientes para pagar a todos (o que é o mais provável), os contribuintes norte-americanos ficarão com o prejuízo.
A expectativa do Tesouro é que, além do CIT, companhias que receberam ajuda federal como a seguradora AIG (American International Group), a General Motors e a Chrysler também acabem não tendo como devolver todos os recursos para o governo.
Outros bancos, como o Goldman Sachs e o Morgan Stanley, já devolveram, com dividendos, os bilhões injetados neles também via "preferred stocks".
A concordata do CIT Group também ocorre em um momento de renovada insegurança entre investidores nos EUA. Em outubro, pela primeira vez desde fevereiro, o índice S&P 500 da Bolsa de Nova York fechou em baixa, de 2%.
Embora o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos tenha crescido 3,5% no terceiro trimestre deste ano, quase toda a recuperação esteve apoiada principalmente em dinheiro estatal -tanto do Fed (o BC dos Estados Unidos), para financiar bancos e empresas, como do Orçamento federal, por meio de transferências diretas a Estados e gastos com infraestrutura.


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