São Paulo, segunda-feira, 02 de novembro de 2009

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Oscilação aumenta, e risco na Bolsa é maior

Índice de volatilidade registrada pelo Ibovespa alcançou 40% na semana passada; média dos últimos três meses é de 25,6%

Pregões variaram entre queda de 4,75% e alta de 5,91%; cobrança de IOF de estrangeiros pode manter movimento até o fim do ano

DA REPORTAGEM LOCAL

Além de a Bolsa de Valores ter interrompido sua escalada rumo a um novo pico histórico, o mercado viu nos pregões da semana passada um forte aumento das oscilações dos ativos. E com a volatilidade -como é chamada a variação brusca de preços dos papéis em certo período- em alta, o mercado passa a ser mais arriscado e imprevisível para os investidores.
Na semana passada, o índice de volatilidade do Ibovespa alcançou 40%. Se for considerada a média dos últimos três meses, o percentual recua para 25,6%. Um índice maior indica que as oscilações das ações estão mais intensas.
No auge da crise, em outubro do ano passado, o indicador chegou a alcançar 112%.
O que se viu na Bolsa na semana passada foi uma depreciação de 4,75% no pregão de quarta-feira, seguida por alta de 5,91% no de quinta e queda de 3,41% no de sexta-feira.
"Daqui para o fim do ano, a volatilidade deve se manter em patamares mais elevados mesmo. Além do cenário externo que piorou, com muitas dúvidas em relação à economia americana, passamos a lidar com a questão da cobrança de IOF dos estrangeiros. Se não fosse essa taxação, o Brasil provavelmente não teria voltado a ser destaque de baixa no mundo", diz Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset.
O governo anunciou na noite do dia 19 de outubro que passaria a cobrar IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) do capital externo que ingressasse no mercado doméstico. Desde então, os estrangeiros têm vendido de forma expressiva ações de companhias brasileiras.
Isso pode ser verificado no balanço dos negócios feitos pelos estrangeiros no pregão da Bolsa. No dia 19, o saldo das operações dos estrangeiros estava positivo em R$ 5,02 bilhões. No dia 28, essa cifra recuou para R$ 1,51 bilhão. O número indica a diferença entre as compras e as vendas de ações feitas na Bolsa brasileira.
O resultado dessa mudança de rumo do capital externo se reflete no desempenho da própria Bolsa. Os estrangeiros respondem por 35% das operações feitas na Bovespa. Assim, ao se desfazerem dos papéis, empurram o mercado para baixo.
O índice Ibovespa, que reúne as 63 ações mais negociadas, encerrou as operações de sexta-feira aos 61.545 pontos.
No dia 19 de outubro, estava em seu mais elevado patamar do ano, ao registrar 67.239 pontos. Naquele momento, analistas já começavam a dizer que eram reais as chances de a Bolsa superar, ainda em 2009, sua maior pontuação histórica, que foram os 73.516 pontos marcados no fim do pregão do dia 20 de maio de 2008.
A pontuação oscila com o preço das ações. Falar que a Bolsa está em sua pontuação recorde equivale a dizer que as empresas listadas em pregão nunca valeram tanto.
Mesmo que o cenário internacional dê uma trégua, os estrangeiros podem continuar interessados em se desfazer de papéis brasileiros, o que seria punitivo para a Bolsa. A valorização acumulada pelo Ibovespa em dólares no ano ainda é muito elevada: 119,6%. Com esse ganho todo, muito investidor pode ficar tentado a sair.

Dificuldades
O atual cenário também deve prejudicar as pequenas companhias que estavam interessadas em realizar IPO (lançamento inicial de ações). Isso porque os estrangeiros representam a categoria que mais compra novas ações. Nos últimos anos, os estrangeiros adquiriram cerca de 70% dos novos papéis ofertados. (FABRICIO VIEIRA)


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