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Oscilação aumenta, e risco na Bolsa é maior
Índice de volatilidade registrada pelo Ibovespa alcançou 40% na semana passada; média dos últimos três meses é de 25,6%
Pregões variaram entre
queda de 4,75% e alta de
5,91%; cobrança de IOF de
estrangeiros pode manter
movimento até o fim do ano
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de a Bolsa de Valores
ter interrompido sua escalada
rumo a um novo pico histórico,
o mercado viu nos pregões da
semana passada um forte aumento das oscilações dos ativos. E com a volatilidade -como é chamada a variação brusca de preços dos papéis em certo período- em alta, o mercado
passa a ser mais arriscado e imprevisível para os investidores.
Na semana passada, o índice
de volatilidade do Ibovespa alcançou 40%. Se for considerada a média dos últimos três meses, o percentual recua para
25,6%. Um índice maior indica
que as oscilações das ações estão mais intensas.
No auge da crise, em outubro
do ano passado, o indicador
chegou a alcançar 112%.
O que se viu na Bolsa na semana passada foi uma depreciação de 4,75% no pregão de
quarta-feira, seguida por alta
de 5,91% no de quinta e queda
de 3,41% no de sexta-feira.
"Daqui para o fim do ano, a
volatilidade deve se manter em
patamares mais elevados mesmo. Além do cenário externo
que piorou, com muitas dúvidas em relação à economia
americana, passamos a lidar
com a questão da cobrança de
IOF dos estrangeiros. Se não
fosse essa taxação, o Brasil provavelmente não teria voltado a
ser destaque de baixa no mundo", diz Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset.
O governo anunciou na noite
do dia 19 de outubro que passaria a cobrar IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) do
capital externo que ingressasse
no mercado doméstico. Desde
então, os estrangeiros têm vendido de forma expressiva ações
de companhias brasileiras.
Isso pode ser verificado no
balanço dos negócios feitos pelos estrangeiros no pregão da
Bolsa. No dia 19, o saldo das
operações dos estrangeiros estava positivo em R$ 5,02 bilhões. No dia 28, essa cifra recuou para R$ 1,51 bilhão. O número indica a diferença entre
as compras e as vendas de ações
feitas na Bolsa brasileira.
O resultado dessa mudança
de rumo do capital externo se
reflete no desempenho da própria Bolsa. Os estrangeiros respondem por 35% das operações
feitas na Bovespa. Assim, ao se
desfazerem dos papéis, empurram o mercado para baixo.
O índice Ibovespa, que reúne
as 63 ações mais negociadas,
encerrou as operações de sexta-feira aos 61.545 pontos.
No dia 19 de outubro, estava
em seu mais elevado patamar
do ano, ao registrar 67.239 pontos. Naquele momento, analistas já começavam a dizer que
eram reais as chances de a Bolsa superar, ainda em 2009, sua
maior pontuação histórica, que
foram os 73.516 pontos marcados no fim do pregão do dia 20
de maio de 2008.
A pontuação oscila com o
preço das ações. Falar que a
Bolsa está em sua pontuação
recorde equivale a dizer que as
empresas listadas em pregão
nunca valeram tanto.
Mesmo que o cenário internacional dê uma trégua, os estrangeiros podem continuar
interessados em se desfazer de
papéis brasileiros, o que seria
punitivo para a Bolsa. A valorização acumulada pelo Ibovespa
em dólares no ano ainda é muito elevada: 119,6%. Com esse
ganho todo, muito investidor
pode ficar tentado a sair.
Dificuldades
O atual cenário também deve
prejudicar as pequenas companhias que estavam interessadas
em realizar IPO (lançamento
inicial de ações). Isso porque os
estrangeiros representam a categoria que mais compra novas
ações. Nos últimos anos, os estrangeiros adquiriram cerca de
70% dos novos papéis ofertados.
(FABRICIO VIEIRA)
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